30/12/13

ANO NOVO COM MAIS SAÚDE



Na opinião do Dr. Mike Evans, com base em estudos científicos, deveremos aproveitar a mudança de ano para tomar uma resolução que irá contribuir para uma vida mais saudável – por exemplo, deixar de fumar, iniciar uma atividade desportiva, controlar o excesso de peso. A probabilidade de sermos bem sucedidos é 10 vezes superior à de decisões semelhantes tomadas ao longo do ano. Como dizia o pensador chinês Lao-Tsé, “uma longa viagem começa com um pequeno passo”.

26/12/13

PREVENIR A DOENÇA DE ALZHEIMER


A comunidade científica tem informado a sociedade da necessidade de se prevenir a doença de Alzheimer e outras formas de demência. A doença de Alzheimer, reconhecida pelas Nações Unidas como uma doença crónica não-transmissível, é o tipo mais comum de demência, constituindo 50-70% de todos os casos. Segundo estimativas da Alzheimer Disease International, em 2050, só na Europa Ocidental, deverão existir 16 milhões de pessoas com demência.
 
Uma investigação da Faculdade de Medicina da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, acompanhou 2235 homens durante 35 anos, identificando 5 hábitos que reduzem em cerca de 60% o risco de desenvolvimento de demência:
- Praticar exercício físico regularmente;
- Fazer uma alimentação saudável e equilibrada;
- Reduzir o consumo de bebidas alcoólicas;
- Combater o excesso de peso;
 
Na verdade, são os conselhos habituais para uma vida saudável, com menor incidência de doenças cardiovasculares, diabetes e cancro, que a pesquisa também confirmou. A diminuição de 60% do risco de demência, que este estudo revelou nesta amostra, verificou-se nos homens que seguiam pelo menos quatro dos cinco comportamentos saudáveis acima referidos.

19/12/13

EMANUEL: DEUS VISITOU-NOS



A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, que se há-de chamar Emanuel.
Emanuel quer dizer: Deus está connosco.

Evangelho de Mateus 1:23

A virgin will become pregnant and have a son, and he will be called Immanuel (which means, “God is with us”).
 
Gospel of Matthew 1:23

11/12/13

UMA LIÇÃO DE VIDA

Há várias formas de comunicação entre pais e filhos, mas só uma é adequada – a comunicação com amor.
 

09/12/13

DIETA MEDITERRÂNICA: PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE

A dieta mediterrânica foi reconhecida pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade devido aos benefícios que apresenta para a saúde, passando a ter uma proteção especial. São característicos da dieta mediterrânica alimentos como as frutas, os produtos hortícolas, cereais integrais, leguminosas, frutos secos, azeite, peixe, carnes brancas, queijo e iogurte, e quantidades moderadas de vinho tinto. Esta alimentação representa os hábitos alimentares mais comuns dos países da bacia do Mediterrâneo.

As principais recomendações deste tipo de alimentação incluem:

Consumir abundantemente produtos hortícolas, frutas, batatas, pão, cereais, leguminosas, frutos secos e sementes;

Moderar o consumo de alimentos processados, tanto quanto possível, preferindo os alimentos frescos, respeitando a sua sazonalidade, o que maximiza os nutrientes obtidos destes alimentos;

Eleger o azeite como a gordura a utilizar em todas as confeções culinárias;

Ingerir por dia uma quantidade de gordura que deve variar entre 25 a 35% do valor total de energia, onde a gordura saturada não deve fornecer mais de 7 a 8% da energia total consumida;

Consumir diariamente moderadas quantidades de queijo e iogurte (preferir produtos com baixa ou inexistente quantidade de gordura);

Consumir 2 vezes por semana quantidades moderadas de peixe e carnes brancas e de 0 a 4 ovos por semana;

Ingerir com pouca regularidade sobremesas doces, que contenham quantidades significativas de açúcar e/ou gordura;

Consumir carnes vermelhas poucas vezes por mês;

Praticar atividade física com regularidade, o que promove um peso saudável e benefícios físicos e psicológicos;

Consumir bebidas alcoólicas, desde que, com moderação, no contexto de uma refeição. As recomendações apontam para 1 a 2 copos de vinho por dia para os homens e 1 copo por dia para as mulheres;

Beber água diariamente em abundância.

Fonte: Associação Portuguesa dos Nutricionistas


05/12/13

POEMA DE MIGUEL TORGA



Ariane é um navio.
Tem mastros, velas e bandeira à proa,
E chegou num dia branco, frio,
A este rio Tejo de Lisboa.

Carregado de Sonho, fundeou
Dentro da claridade destas grades...
Cisne de todos, que se foi, voltou
Só para os olhos de quem tem saudades...

Foram duas fragatas ver quem era
Um tal milagre assim: era um navio
Que se balança ali à minha espera
Entre as gaivotas que se dão no rio.

Mas eu é que não pude ainda por meus passos
Sair desta prisão em corpo inteiro,
E levantar âncora, e cair nos braços
De Ariane, o veleiro.

Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha (1907-1995), foi médico e um dos mais destacados poetas e escritores portugueses do século XX.

04/12/13

BENEFÍCIOS DA ASPIRINA

A aspirina em doses baixas (75-150 mg), que os norte-americanos denominam “baby aspirin”, tem uma importante ação antiagregante plaquetária, diminuindo a viscosidade e coagulação do sangue.

Os antiagregantes plaquetários são um grupo de medicamentos que reduzem em cerca de 25 % o risco de enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) ou morte de causa vascular.
 
Um estudo recente da Universidade de Leiden, na Holanda, revelou que a ação protetora da aspirina no sistema cardiovascular é potenciada se for consumida à noite, p. ex. após o jantar. Esta descoberta terá certamente repercussão na prática clínica, pois até agora a maior parte dos médicos recomendavam que a ingestão da aspirina fosse efetuada de manhã ou após o almoço.

02/12/13

RESISTÊNCIA BACTERIANA AOS ANTIBIÓTICOS: UMA AMEAÇA GLOBAL

O Dia Europeu dos Antibióticos foi evocado no passado dia 18 de Novembro. Com esta iniciativa anual, pretende-se sensibilizar os cidadãos dos riscos para a saúde pública resultantes da utilização nadequada e excessiva de antibióticos, o principal dos quais é o aparecimento de micróbios cada vez mais resistentes aos antibióticos.

O que são os antibióticos?

Os antibióticos são medicamentos que matam ou inibem o crescimento de bactérias, ajudando a curar infeções em pessoas, animais e, por vezes, plantas. Os antibióticos destinam-se a tratar infeções causadas por bactérias (como a pneumonia pneumocócica ou as infeções sanguíneas causadas por estafilococos); os agentes eficazes contra vírus são, normalmente, denominados medicamentos antivirais (como os medicamentos para a gripe, o VIH e o herpes). Nem todos os antibióticos são ativos contra todas as bactérias. Existem mais de 15 classes diferentes de antibióticos que se diferenciam entre si pela sua estrutura química e pelo seu modo de ação contra as bactérias. Um antibiótico pode ser eficaz contra vários tipos de bactérias ou contra apenas um.

O que é a resistência aos antibióticos?

As bactérias apresentam resistência aos antibióticos quando determinados antibióticos específicos perderam a sua capacidade de as matar ou de impedir o seu desenvolvimento. Algumas bactérias são naturalmente resistentes a certos antibióticos (resistência intrínseca). Um problema mais preocupante ocorre quando algumas bactérias, que são normalmente suscetíveis aos antibióticos, desenvolvem resistência em resultado de alterações genéticas (resistência adquirida). As bactérias resistentes sobrevivem na presença do antibiótico e continuam a multiplicar-se, causando uma doença mais prolongada ou, mesmo, a morte. As infeções causadas por bactérias resistentes são habitualmente mais perigosas, exigindo antibióticos alternativos mais dispendiosos com efeitos secundários mais graves.

Qual é a causa mais importante da resistência aos antibióticos?

A resistência aos antibióticos é uma situação natural causada por mutações nos genes das bactérias. Porém, a utilização excessiva ou inadequada de antibióticos acelera o aparecimento e a propagação das bactérias resistentes ao antibiótico utilizado e também a outros. Quando expostas aos antibióticos, as bactérias sensíveis morrem, mas as bactérias resistentes podem continuar a viver e a multiplicar-se. Estas bactérias resistentes podem propagar-se e causar infeções noutras pessoas que não tenham tomado quaisquer antibióticos.

O que é o uso “inadequado” dos antibióticos?

Usar os antibióticos sem necessidade: constipações e gripes são causadas por vírus, contra os quais os antibióticos NÃO são eficazes. Nestes casos, não irá melhorar o seu estado clínico tomando antibióticos: os antibióticos não baixam a febre nem melhoram os sintomas, como espirrar. Como tal, os antibióticos não devem ser utilizados para constipações e gripes.

Usar os antibióticos de forma incorreta: quando encurta a duração do tratamento, baixa a dose, não cumpre a frequência correta de administração (isto é, se aumenta o intervalo de tempo entre duas tomas do antibiótico) a quantidade necessária e adequada de antibiótico no organismo não é atingida e as bactérias sobrevivem, podendo tornar-se resistentes. Portanto, não se automedique e respeite sempre as recomendações do seu médico sobre quando e como tomar os antibióticos.

Fonte: Direção-Geral da Saúde


27/11/13

10 DICAS PARA DEIXAR DE FUMAR

O tabaco mata milhões de pessoas em todo o mundo, sendo que fumar constitui a principal causa de cancro do pulmão e de uma série de outras doenças, nomeadamente cardiovasculares. De facto, o tabagismo faz mais de cinco milhões de vítimas todos os anos, o que significa que a cada seis segundos morre um fumador.
  
De igual forma, a exposição ao fumo do tabaco ambiental também mata 600 mil de fumadores por ano. O tabaco contém mais de 4.000 substâncias químicas, algumas com efeitos tóxicos e irritantes.
  
Só no fumo foram identificadas mais de 40 substâncias capazes de provocar cancro. Substâncias que existem tanto na folha do tabaco, como provenientes do processo de produção e nos aditivos químicos, na folha e na cola.
  
Os riscos para a saúde decorrentes do consumo de tabaco são muitos, sendo um dos principais o cancro dos pulmões, sendo que mais de 75% dos casos são provocados pelo tabaco. O cancro do sistema respiratório, que engloba brônquios, pulmão, traqueia e faringe, também aparece associado aos hábitos tabágicos.
  
Só um pequeno número de fumadores é capaz de manter níveis muito baixos de consumo e deixar de fumar com facilidade. A maior parte dos consumidores têm sérias dificuldades em abandonar este hábito.

 
Para estas situações, existem atualmente apoio médico, medicamentos e apoio de natureza comportamental. Sugerimos os seguintes dez passos para deixar de fumar:
 
1. Motivação é o primeiro passo. Faça uma lista dos motivos que, para si, justificam a decisão de deixar de fumar. (exemplo: poupar)
2. Conheça melhor os seus hábitos tabágicos: situações em que fuma habitualmente, quando toma café, ao telefone. Anote os cigarros que lhe dão mais prazer;
3. Escolha o Dia D: Fixe um dia para deixar de fumar. Uma data simbólica, o aniversário, as férias, ou simplesmente o início do fim-de-semana;
4. Anuncie aos seus amigos e no local de trabalho que a partir dessa data não vai voltar a fumar;
5. Nas semanas anteriores ao dia para deixar de fumar prepare-se para a mudança: Releia a lista de motivos, procure atrasar o primeiro cigarro da manhã ou mude de marca de tabaco para uma que goste menos;
6. Pare de fumar no dia escolhido. Coloque o 1º adesivo de nicotina ao acordar no Dia D;
7.  Retire de perto de si todos os objetos relacionados com o hábito de fumar;
8.  Ocupe a cabeça, a boca e as mãos;
9. Alimente-se saudavelmente e faça exercício físico;
10. Evite ambientes onde se fume. Por 2 a 4 semanas "fuja" das pessoas, dos locais e das ocasiões onde se fuma.
 
Fonte: Ciência Online

25/11/13

O ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL É UMA EMERGÊNCIA

O acidente vascular cerebral (AVC) é a primeira causa de morte e incapacidade em Portugal. Os principais sinais de alerta são o aparecimento súbito de desvio da face, falta de força num membro ou dificuldade em falar.
Uma vez que o tratamento é tanto mais eficaz quanto mais cedo for iniciado, em caso de aparecimento de um ou mais destes sinais de alerta, ligue 112 (número de emergência médica em Portugal e restantes países da Europa).
Pode obter mais informações sobre esta doença aqui (português) e no vídeo seguinte (inglês).


21/11/13

POEMA DE RUDYARD KIPLING

O poema seguinte, intitulado “Se” (If), do escritor inglês Rudyard Kipling (1865-1936), é considerado o poema mais conhecido e apreciado da literatura de língua inglesa.
  
Se consegues manter a calma
quando à tua volta todos a perdem
e te culpam por isso.

Se consegues ter confiança em ti
quando todos duvidam de ti
e aceitas as suas dúvidas

Se consegues esperar sem te cansares por esperar
ou caluniado não responderes com calúnias
ou odiado não dares espaço ao ódio
sem porém te fazeres demasiado bom
ou falares cheio de conhecimentos

Se consegues sonhar
sem fazeres dos sonhos teus mestres

Se consegues pensar
sem fazeres dos pensamentos teus objetivos

Se consegues encontrar-te com o Triunfo e a Derrota
e tratares esses dois impostores do mesmo modo

Se consegues suportar
a escuta das verdades que dizes
distorcidas pelos que te querem ver
cair em armadilhas
ou encarar tudo aquilo pelo qual lutaste na vida
ficar destruído
e reconstruíres tudo de novo
com instrumentos gastos pelo tempo

Se consegues num único passo
arriscar tudo o que conquistaste
num lançamento de cara ou coroa,
perderes e recomeçares de novo
sem nunca suspirares palavras da tua perda.

Se consegues constringir o teu coração,
nervos e força
para te servirem na tua vez
já depois de não existirem,
e aguentares
quando já nada tens em ti
a não ser a vontade que te diz:
"Aguenta-te!"

Se consegues falar para multidões
e permaneceres com as tuas virtudes
ou andares entre reis e pobres
e agires naturalmente

Se nem inimigos
ou amigos queridos
te conseguirem ofender

Se todas as pessoas contam contigo
mas nenhuma demasiado

Se consegues preencher cada minuto
dando valor
a todos os segundos que passam
tua é a Terra
e tudo o que nela existe
e mais ainda,
tu serás um Homem, meu filho!


18/11/13

COMPAIXÃO: A PÉROLA PERDIDA NOS CUIDADOS DE SAÚDE

A compaixão integra a lista de atributos que os bons profissionais de saúde devem manifestar na sua relação com os pacientes, mas que infelizmente é uma das que se encontram com  menos frequência nos serviços de saúde. Se a compaixão não estiver presente na relação médico-paciente, há o risco deste último ser tratado de uma forma fria e distante, como uma coisa, um número ou um objeto de curiosidade clínica.
  
O significado prático da virtude da compaixão encontra-se expresso de forma sublime na parábola do Bom Samaritano, descrita no capítulo 10 do Evangelho de S. Lucas (que era médico). Nesta narrativa, o samaritano não se limita a um sentimento de tristeza ou pesar em relação ao homem que tinha sido vítima de um assalto e que certamente morreria se não fosse socorrido. Toma a iniciativa de agir, dando-lhe de beber, cuidando-lhe das feridas, levando-o para um local seguro (a estalagem mais próxima), e assegurando o pagamento integral das despesas relacionadas com a sua estadia e cuidados de saúde. É isso que significa a compaixão – um sentimento que leva à ação, o que é fundamental na relação clínica, de forma a minorar o grande problema da falta de humanização dos serviços de saúde.


06/11/13

CUIDADOS A TER COM OS MEDICAMENTOS

Quando se utilizam medicamentos, podem ocorrer erros que, por vezes, colocam em risco a saúde. Para os evitar, é aconselhável fazer uma lista dos medicamentos que utiliza regularmente.
  
Anote o nome do medicamento, a dose, a hora da toma, a duração do tratamento e se deverá ter alguma precaução especial durante esse período. Convém que tome nota das alergias a medicamentos, alimentos e outras substâncias.
  
Leve esse lista, onde também deve colocar quaisquer medicamentos ou produtos “naturais” de venda livre, sempre que for a uma consulta médica.
  
Quando um médico lhe receitar algum medicamento novo, deve perguntar-lhe para que serve, como o deve tomar, durante quanto tempo e se é necessário algum cuidado especial.
  
Em casa, guarde os medicamentos na embalagem original, para evitar confundir medicamentos de aparência similar. Respeite o horário da toma da medicação. Se esquecer alguma, é melhor esperar pela próxima. Nunca tome uma dose dupla. Não conserve os medicamentos na cozinha, casa de banho ou em lugares diretamente expostos à luz, pois o calor e a humidade podem alterar a sua eficácia. Conserve o folheto de cada medicamento e leia-o sempre que surja alguma dúvida sobre essa medicação.
  
Nunca tome medicamentos que outras pessoas estejam a tomar, mesmo que o seu problema de saúde seja semelhante, uma vez que podem afetar a eficácia de outros medicamentos que tome, a dose pode não ser a mais adequada no seu caso e pode ainda ser alérgico a esses fármacos. Pelo mesmo motivo, evite tomar medicamentos ou produtos ditos “naturais” sem a orientação do seu médico.
  
Fonte: CH Tâmega e Sousa.


04/11/13

MANUAL DE ALIMENTAÇÃO INTELIGENTE

A Direção-Geral da Saúde de Portugal produziu um manual de alimentação inteligente, que pretende ajudar todas as pessoas a fazerem uma alimentação saudável e a um custo baixo. Uma boa gestão e planeamento das refeições deverá incluir a obtenção de alimentos dos diferentes grupos representados na Roda dos Alimentos, respeitando as proporções recomendadas; garantir uma alimentação variada, evitando a repetição de refeições; comprar apenas aquilo que é necessário; utilizar os alimentos que ainda tem disponíveis em casa; e poupar tempo ao fazer as suas compras.
 
Pode ler este documento aqui.

31/10/13

SERÁ ALERGIA?


O texto seguinte foi escrito pelo meu colega e amigo Dr. Filipe Silva, especialista em Pediatria do Desenvolvimento.

Nariz entupido, espirros, tosse, falta de ar, borbulhas... será alergia? Aprenda a reconhecer os sintomas.

Para a maioria, o contacto com o pó, pólenes, marisco e medicamentos não constitui um problema. Contudo, algumas pessoas tornam-se alérgicas a estas e outras substâncias, que se designam então como alergenos. Nestas situações, o sistema imunitário começa a reagir contra os alergenos e isso provoca inflamação. Dependendo do local onde se forma a  inflamação, podem existir diferentes sintomas.

A Rinite Alérgica é a manifestação de alergia mais frequente, afetando cerca de um quarto dos portugueses. Os sintomas incluem o nariz entupido, corrimento nasal, espirros frequentes e tosse. Estes sintomas também aparecem nas constipações, mas são mais persistentes quando existe alergia. A sensação de prurido (comichão) no nariz e na garganta são também muito frequentes na rinite alérgica. A rinite associa-se muitas vezes a Conjuntivite alérgica: olho vermelho, lacrimejo e prurido ocular intenso.

Na Asma, a inflamação alérgica diminui o diâmetro dos brônquios mais pequenos e torna-os mais reativos. Manifesta-se habitualmente por crises de dificuldade respiratória com tosse, sensação de falta de ar, aperto no peito e respiração ruidosa com sons que lembram o miar de gatos (os sibilos). Também pode originar tosse e falta de ar com o esforço físico (ao correr, por exemplo).

As manifestações de doença alérgica na pele podem ser a pele seca, o Eczema, a Urticária e outro tipo de exantemas (borbulhas). Contudo, nem todas as borbulhas ou mesmo urticárias são manifestações de alergia. Podem resultar apenas de infeções virais, principalmente nas crianças, desaparecendo passados alguns dias.

Ocasionalmente, podem suceder reações alérgicas graves e exuberantes - a Anafilaxia - que surgem de forma súbita pouco tempo depois da exposição ao alergeno. Podem envolver conjuntivite, angioedema (inchaço nos olhos, lábios, língua), tosse, falta de ar, urticária, dor abdominal, náuseas e vómitos, tensão baixa, desmaio, ou mesmo morte. As pessoas com estes sintomas devem ter assistência médica rápida para ser administrada adrenalina. Em alguns casos, devem passar a transportar consigo um dispositivo de administração de adrenalina para emergências deste tipo.

Alergia a quê?

Grande parte das substâncias que causam alergia são transportadas pelo ar (aeroalergenos) incluindo os ácaros do pó, pólenes, fungos, ervas, pelos, penas e escamas de animais, entre outros. O tipo de alergeno determina a altura do ano em que aparecem as queixas alérgicas. Muitas pessoas com alergia a pólenes passam pior na primavera, quando existe maior concentração deste alergeno no ar. Pelo contrário, as pessoas com alergia ao pó costumam ter mais queixas no outono e inverno, quando as casas estão menos arejadas, mais húmidas e com mais cobertores, que promovem a acumulação de ácaros.

As pessoas também se podem tornar alérgicas a alimentos. As alergias ao leite de vaca e ao ovo são as mais frequentes na infância. Mais tarde, surgem alergias a frutos como o kiwi, frutos secos como o amendoim, marisco, moluscos, entre outros.

As alergias a medicamentos também costumam ter manifestações cutâneas. No entanto, existem muitos falsos alarmes porque as alterações na pele são frequentes nas infeções mesmo sem alergia. Por isso, as suspeitas de alergia a medicamentos devem ser avaliadas num centro de imunoalergologia, de forma a não ficar toda a vida a evitar medicamentos desnecessariamente.

Posso saber ao que sou alérgico?

Pode e deve! Saber o que provoca alergia permite diminuir a exposição, que é uma das formas de controlar os sintomas. Em alguns casos, podem ser dadas vacinas específicas ou outras formas de indução de tolerância para diminuir a reação do organismo ao alergeno.

Existem testes cutâneos e laboratoriais que permitem identificar as alergias. Estes testes devem ser pedidos de forma racional, numa consulta médica, de acordo com as queixas. As ofertas de baterias de "testes a tudo" são um desperdício de sangue e de dinheiro que não é útil. É muito provável que algum teste venha positivo e isso, só por si, não significa que a pessoa seja alérgica.
É melhor prevenir

As pessoas com familiares próximos com alergias têm maior risco de as desenvolver. Por isso, é um bom princípio controlar a exposição aos alergenos mais frequentes, nomeadamente aos ácaros do pó.

Estes seres microscópicos, que se alimentam de restos de pele humana, gostam de ambientes quentes e húmidos acumulando-se em colchões, mantas de lã, almofadas de penas, tapetes, alcatifas, sofás, bonecos de peluche e mesmo nos livros.

Algumas medidas simples podem ajudar a diminuir os ácaros:
·         Arejar diariamente os quartos para diminuir a humidade
·         Expor ao ar e ao sol os colchões, edredons e almofadas
·         Lavar as roupas da cama, cortinados e tapetes, quando possível, a 60 graus, temperatura que destrói os ácaros
·         Substituir colchões antigos e/ou usar coberturas anti-alérgicas que retêm os ácaros
·         Aspirar colchões e tapetes com aspiradores com filtros HEPA
·         Não acumular bonecos de peluche no quarto, particularmente na cama
·         Quando existem muitos livros no quarto, devem estar guardados em estantes fechadas para acumularem menos pó

E nunca é de mais frisar a importância de diminuir a exposição a irritantes como o fumo do tabaco e a poluição, que contribuem para a inflamação das vias respiratórias e agravam os sintomas.

As alergias são muito frequentes, é certo. A boa notícia é que existem tratamentos eficazes que permitem controlar os sintomas e ter uma boa qualidade de vida. Se reconheceu aqui os seus sintomas, fale sobre isso com o seu médico assistente ou procure uma Consulta de Imunoalergologia.

Dr. Filipe Glória e Silva
dormirecrescer.blogspot.com

22/10/13

EFEITOS DO TABACO NO CORPO HUMANO

Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras. Na ligação seguinte, pode observar os efeitos devastadores do tabaco no corpo humano masculino e feminino. Trata-se de um projeto desenvolvido pela Cancer Society of Finland, denominado Tobacco Body.

21/10/13

NÃO FUMAR: UMA QUESTÃO DE BOM SENSO


O tabaco sob a forma de cigarros, charutos, cachimbo ou cigarrilhas, é causa de milhares de mortes prematuras no nosso País, seja por doenças cardiocerebrovasculares seja por cancros do pulmão, laringe, bexiga e vários outros.

Muitas crianças e muitos jovens são também consumidores de tabaco por causas sociais ou comportamentais, ou por falta de informação concreta, sobre os perigos reais para a sua saúde e a sua vida.

O número de fumadores passivos (aqueles que só respiram o fumo dos outros) cresce a par do número de fumadores.

Muitos fumadores querem deixar de fumar e não conseguem, outros não querem mesmo. Mas outros ainda não têm alternativa senão fumar o tabaco dos colegas de trabalho, ou dos familiares fumadores, e também sofrem doenças ou morrem por isso.

Aqui ficam algumas regras que se aplicam a todos:

1. O melhor de tudo é não começar a fumar. Se pensa que, “todos os meus colegas fumam”, seja diferente, seja original, não fume e tente que os seus amigos venham também a ser não fumadores, esclarecendo-os se porventura ainda ignoram os perigos para a sua saúde e a sua própria vida.

É imperioso que aos mais novos tudo seja explicado e discutido atempadamente (em vez de proibir) para que eles não nos acusem mais tarde de não lhes termos dado o conhecimento prévio dos terríveis malefícios e das dificuldades em parar!

2. Pense nas vantagens dos não fumadores: poupam dinheiro, têm um hálito mais fresco, menos rugas e menos constipações; têm mais tempo de vida; têm menos probabilidades de vir a ter cancro no pulmão, nos lábios, na laringe, orofaringe, esófago, pâncreas, bexiga, rim, etc. e também de vir a ter alguma ou algumas doenças cardiocerebrovasculares (acidente vascular cerebral, angina de peito, enfarte do miocárdio, insuficiência cardíaca, morte súbita e isquemia dos membros inferiores), doenças pulmonares como a bronquite crónica ou o enfisema, com grave insuficiência respiratória. A própria osteoporose é agravada pelo tabaco. E não menos importante é ainda a maior frequência de acidentes de estrada e de incêndios por causa do tabaco!

3. Não pense “o tio José sempre fumou e durou até aos 90 anos”. Isso é a exceção, a regra geral não é assim, o fumador (ou a fumadora) morre 10 anos mais cedo do que os que não fumam.  Pense se vale a pena arriscar e sofrer, de que maneira!

4. Nunca é tarde para deixar de fumar. Vale a pena, tem tudo a ganhar. Tente sozinho, ou com a ajuda dos que o amam, mas se não conseguir peça ajuda ao seu médico, ou tente encontrar outro fumador que queira também parar de fumar e entreajudem-se! É mais fácil, e são dois a ganhar!

5. Deixar de fumar é duro e difícil, e alguns recaem: poderá tentar parar várias vezes antes de conseguir parar de vez. Arranje a vontade e acredite que vai valer a pena o esforço: a sua força de vontade é a chave do sucesso.

6. Não espere por começar a sentir-se mal, ou que o médico e as doenças o obriguem. Pare, assim que tomar consciência do que é ser fumador. Se precisar de ajuda há também medicamentos vários para ajudar a cessar de fumar! Desde os substitutos da nicotina, pastilhas, adesivos, e outros que só o médico pode receitar.

7. Ao fumar, pense no mal que isso lhe faz, e pense no mal que isso faz aos outros, os que não fumam, mas que junto de si inalam também o seu fumo: companheira(o), filhos, parentes, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, etc. Esteja particularmente atento às crianças e às grávidas.

8. Se está grávida não fume, e convença o pai da criança a não fumar também: o pequeno ser que está dentro de si nem sequer se pode desviar do fumo que tanto mal lhe faz - é obrigado a fumar: fumador coercivo!

Aliás o que devem fazer ambos, é parar de fumar (e de beber) logo que planeiam ter um filho, para que os óvulos  e os espermatozóides sejam mais saudáveis!

9. Se é fumador passivo tenha a coragem de dizer ao seu mais próximo “Não fume por favor, porque isso me incomoda”. O seu direito à saúde e a respirar ar puro é muito importante e tem de ser respeitado – a liberdade dos outros acaba onde começam a nossa liberdade e os nossos direitos!

10. Comece a fazer valer os seus direitos: está a ajudar-se a si, e a ajudar outros fumadores passivos, e até ajuda os fumadores ativos (mesmo que eles o não reconheçam) porque fumarão menos.
 
E já agora ajude-os também a obter um lugar para fumar, quando já não aguentam mais!
 
Fonte: Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva (Prof. Fernando de Pádua)

14/10/13

POEMA DE LUÍS DE CAMÕES

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.

Luís Vaz de Camões (1524-1580)


10/10/13

WHEN THE DOCTOR WENT TO HOSPITAL


Partilho hoje o testemunho pungente da Drª. Mary Wren, médica de família no Reino Unido, que também esteve “do outro lado da bata”.

From the moment you walk in the door it’s as if something changes. You are now part of a surreal world of gowns, tubes, paper knickers and loss of control. Just 24 hours after working in the GP surgery myself, I am tied to a bed with several tubes coming out; pain, things being done to me, an out-of-reach buzzer for when I needed help.

Suddenly the topics of conversation are how full your catheter bag is, whether you’ve passed wind, how many vomits, what you have had done and why. No room for embarrassment here. With me are four very different women in the bay – all with their own stories, families, backgrounds, personalities, humour, houses and life outside the hospital. Yet it’s as if none of that counts any more. Now I was the day-one hysterectomy with a fever.

The staff were very busy and worked very hard. They often seemed stretched and stressed, but masked it well. So many bleeping machines, vomiting patients, pain-relief requests, blood pressure checks.

The funniest experience was the day one bed bath administered by a very efficient, very competent team who ‘went from top to bottom’ left me feeling I had been through a car wash…but grateful. Second funniest was the patient opposite coming over to me as I lay in bed, dropping her pyjamas and asking me if her scar looked all right…and she didn’t know I was a doctor.

So in the middle of all this activity, what I really noticed was that some people really cared and others didn’t. All did the job ok. But some didn’t look me in the eye, smile, squeeze my hand, or give time. I noticed the one nurse who asked the elderly lady next to me how her husband was getting on at home – it only took two minutes but made all the difference.

That hand squeeze, the compassionate look, acknowledgement of the person inside, two minutes to listen…it can make the patient feel good, peaceful, hopeful, valued, warm inside. The doctor who came and looked me in the eye and squeezed my hand as she told me all about what they found inside made me cry. Good crying. That was real, complete care of me the person, as well as my body.

I wonder how much difference that art of medicine, that soft immeasurable care, makes to the recovery of the person. I wonder if that hug or hand-squeeze would result in less pain relief being needed, less pressing of buzzers, patients getting home quicker.

The lady who showed me her scar told me how she had been too frightened to come into hospital for five years since her mum died there. She had a lot of pain post-op and was demanding to staff. I don’t think any of the staff knew why her pain was so bad. Maybe it was more emotional than physical pain, but how many staff would think to ask or choose to take apparently more time to just sit and probe a little? Isn’t it great if a person can go home not just with a physical op done but with an emotional wound healed as well.

Maybe if we focused on that bit more, the staff wouldn’t be so busy and the NHS (National Health Service) wouldn’t be so stretched.

Triple Helix 57, Summer 2013, p. 23.

09/10/13

ENSAIOS CLÍNICOS: O QUE SÃO?

Os cidadãos têm, atualmente, um papel cada vez mais ativo e decisivo na escolha dos cuidados e serviços de saúde. É de extrema importância que tenham oportunidade de aprofundar o seu conhecimento sobre as doenças, os meios de prevenção e os tratamentos disponíveis.
Os ensaios clínicos são estudos que permitem avaliar a segurança e a eficácia de um novo tratamento ou medicamento. Ao participar num ensaio clínico, poderá ajudar-se a si próprio e/ou a outras pessoas com a mesma doença a alcançar a cura ou a obter uma melhor qualidade de vida.
  
Fonte: Liga Portuguesa Contra o Cancro
  

07/10/13

IN MEMORIAM: EDMUND D. PELLEGRINO (1920-2013)


Edmund Daniel Pellegrino nasceu em Newark, no estado norte-americano de New Jersey, em 1920. Terminou a licenciatura em medicina em 1944, especializando-se em Medicina Interna. Interessou-se inicialmente pela investigação sobre fisiologia e patologia renal, publicando mais de 50 trabalhos científicos nesta área.

Na década de 80, assumiu a Direção do Kennedy Institute of Ethics, o primeiro centro universitário do mundo dedicado à Bioética, após o falecimento de Andre Hellegers, fundador e primeiro Diretor desta prestigiada instituição.

Reconhecido como um dos pioneiros da Bioética e um dos mais brilhantes e aclamados dos seus cultores, foi um dos maiores apologistas de uma ética das virtudes no exercício da medicina. Foi também um dos principais responsáveis pela introdução do ensino das Humanidades nas Faculdades de Medicina dos EUA.

Edmund Pellegrino foi autor, co-autor ou editor de 23 livros e escreveu mais de 600 artigos em revistas científicas. As suas obras mais conhecidas e com maior influência na área da Bioética são: Humanism and the Physician (University of Tennessee Press, 1979), A Philosophical Basis of Medical Practice (Oxford University Press, 1981), For the Patient’s Good: Toward the Restoration of Beneficence in Health Care (Oxford University Press, 1988), The Virtues in Medical Practice (Oxford University Press, 1993), The Christian Virtues in Medical Practice (Georgetown University Press, 1996) e Helping and Healing: Religious Commitment in Health Care (Georgetown University Press, 1997). Todos os livros, com exceção do primeiro, foram escritos em co-autoria com o filósofo dominicano David C. Thomasma, falecido em 2002, que durante vinte e cinco anos foi o seu principal colaborador.

Numa época marcada por uma profunda transformação dos cuidados de saúde, em que se verifica a preponderância de modelos de relação médico-doente como o comercial e o contratual, centrados na autonomia do paciente, mas que encaram a medicina como um negócio e uma profissão como qualquer outra, Pellegrino e Thomasma propuseram um modelo de beneficência fiduciária. Este modelo promove a confiança entre médico e paciente, essencial para que a relação clínica seja uma relação terapêutica, e minimiza a assimetria de poder do encontro clínico protegendo o doente, que se encontra habitualmente num estado de vulnerabilidade e dependência de natureza ontológica, devido à doença.

Entre muitos cargos e funções que o Prof. Pellegrino desempenhou, destacaria o facto de ter sido membro da Academia Pontifícia para a Vida desde a sua instituição em 1994 pelo Papa João Paulo II, bem como do Comité Internacional de Bioética da UNESCO, para o qual foi convidado em 2004.  Edmund Pellegrino integrou o comité responsável pela redação da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, adotada pela UNESCO no ano seguinte.  

Em 2005, com 85 anos de idade, foi nomeado para presidir ao Conselho Presidencial de Bioética dos EUA. A um jornalista espanhol que o interrogou se a sua idade não seria um obstáculo para o desempenho deste importantíssimo cargo, respondeu: «porque iria deixar de pensar a partir dos 85?». Sob a sua Direção neste Conselho, foram concluídos e apresentados os seguintes documentos: Human Dignity and Bioethics: Essays Commissioned by the President's Council on Bioethics, The Changing Moral Focus of Newborn Screening: An Ethical Analysis by the President's Council on Bioethics, e Controversies in the Determination of Death: A White Paper by the President's Council on Bioethics.

No decurso da sua longa carreira académica, Edmund Pellegrino foi um exemplo e fonte de inspiração para várias gerações de estudantes de medicina, salientando o valor da honestidade intelectual e da centralidade do estabelecimento de uma relação de confiança entre o médico e o doente no exercício da profissão. Muitos dos seus antigos alunos e colaboradores, de várias universidades de diferentes estados norte-americanos, contribuíram com textos para o livro The Health Care Professional as Friend and Healer: Building on the Work of Edmund D. Pellegrino, editado por David Thomasma e Judith Lee Kissell em 2000. No ensaio que escreveu para esta publicação, Courtney Campbell considera Pellegrino «uma voz profética para a profissão médica, procurando chamar a comunidade de volta aos compromissos morais fundamentais da sua vocação».

Numa entrevista que tive o privilégio de fazer ao Professor Pellegrino em 2011, perguntei-lhe o que considerava ser o aspeto mais preocupante na evolução da Bioética na atualidade. Na sua opinião, sempre que a Bioética deixar de procurar a sua fundamentação na Ética, que é um ramo da filosofia, e procurar estabelecer normas e doutrinas a partir da sociologia, da psicologia ou da política, estará mais permeável à influência de opiniões pessoais, políticas ou ideológicas. Essas disciplinas podem dar importantes contributos à reflexão ética e bioética mas não devem constituir a base da filosofia moral.

O Professor Pellegrino faleceu no passado dia 13 de Junho em Washington D. C., poucos dias antes de completar 93 anos. O seu legado será sempre uma referência obrigatória na história da Bioética norte-americana e mundial, e indispensável para todos os que quiserem refletir e aprofundar o seu pensamento bioético sobre a educação médica, a ética das virtudes, a relação médico-doente ou as humanidades na medicina.

Revista Portuguesa de Bioética 19:143-145, 2014.

30/09/13

AINDA OS RASTREIOS EM SAÚDE

O texto seguinte, escrito pelo Prof. Walter Osswald, foi publicado pelo jornal Público em 31.07.2013.
 
O rastreio em saúde mais conhecido do público em geral, nos últimos tempos, é, ao menos supostamente, o do cancro da mama através do teste genético de determinação de anomalia no gene designado por BRCA1. Foi a positividade deste teste que levou a atriz Angeline Jolie a submeter-se à dupla mastectomia.
  
A remoção dos dois seios é uma intervenção radical que escapa à lógica usual da intervenção médica: pratica-se uma cirurgia mutilante, removem-se dois órgãos sãos, por haver uma indicação laboratorial de que as probabilidades daquela mulher vir a ter cancro mamário são mais elevadas do que as da população feminina em geral.
  
Hoje já não se aceita uma espécie de determinismo genético, reconhecendo os cientistas que os genes não governam tudo no nosso organismo nem comandam o destino individual. No caso particular do gene BRCA1 (e do seu parente próximo, o BRCA2), estamos longe de assistir a consenso entre os especialistas, no que respeita ao real significado da deteção do seu malfuncionamento.
  
Muito maior é a diversidade de opiniões em relação à atitude recomendada às mulheres com teste positivo: vigilância regular, mastectomia dupla, remoção dos ovários (o quase sempre fatal cancro ovárico está, ao que parece, relacionado com o BRCA1 defeituoso)? Deve expor-se a situação e aceitar sem mais a decisão da mulher? Deve esclarecer-se que o teste pode fornecer resultados falsos?
  
E a estas questões, relacionadas com cada mulher, juntam-se outras, de natureza bem mais vasta. Se o teste permite identificar mulheres com maior probabilidade de virem a ter cancro da mama, não é imperioso disponibilizá-lo para toda a população feminina, no intuito de virmos a reduzir a respetiva incidência (lembramos que se trata da doença maligna mais frequente na mulher)?
  
A esta questão ética não é possível dar resposta sem termos em conta o problema das prioridades em saúde, dado que os meios são reconhecidamente escassos para que possam ser implementadas todas as medidas, comprovada ou eventualmente úteis para a saúde pública. Um rastreio de toda a população feminina adulta acarretaria custos elevadíssimos (o teste custa atualmente cerca de 1000 – 1500 euros; embora a sua larga utilização conduzisse, provavelmente a uma substancial redução do preço, nunca seria um teste barato, dada a sua complexidade): no nosso país, seriam cerca de três milhões as candidatas à realização do teste. Depois, teríamos de equacionar o percurso ulterior das mulheres em que o teste fosse “positivo”: aconselhamento em consulta médica/psicológica, cirurgias especializadas, meios complementares de diagnóstico, seleção dos casos com indicação clínica (neste caso, duvidosa), acompanhamento; tudo isto com custos adicionais incalculáveis (no sentido de elevados e de não calculáveis).
  
Atendendo ao conjunto de circunstâncias, parece poder concluir-se que não há lugar para um rastreio por meio do teste genético. O que sabemos é que o programa em vigor na medicina atual (auto-exame, mamografia, ecografia, ressonância nos casos de dúvida ou suspeita) é eficaz e exequível; e que as mulheres cujas parentes próximas (mãe, irmãs, filhas) tenham tido cancro da mama estão em maior risco do que as que não tiveram familiares com a doença.
  
É preciso que a comunidade não entre em pânico ou excessiva inquietação quando notícias destas circulam nos meios de comunicação e nas redes sociais – apesar das suas debilidades e erros, a medicina está atenta e continua a ser a melhor guardiã da saúde pública.
 
Prof. Doutor Walter Osswald,
Instituto de Bioética da Universidade Católica Portuguesa

25/09/13

HIPERATIVIDADE E DÉFICE DE ATENÇÃO


O meu colega e amigo Dr. Filipe Silva, especialista em Pediatria do Desenvolvimento, está empenhado num projeto de empreendedorismo social que tem por objetivo apoiar e promover o desenvolvimento saudável e uma integração familiar e social bem sucedida das crianças com Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA). Poderá obter mais informações sobre este interessante projeto aqui.

23/09/13

DOENÇA VENOSA CRÓNICA: 10 CONSELHOS ÚTEIS

1. Exercitar as pernas em todas as circunstâncias
As posições prolongadas de pé e sentado (em particular as pernas cruzadas) devem ser evitadas, uma vez que elas conduzem à insuficiência venosa. O peso do sangue e a falta de exercício favorecem a estagnação do sangue nas veias. Caso a sua atividade profissional o obrigue a estar sempre sentado, ou de pé, é necessário andar um pouco durante o dia ou fazer movimentos circulares com os pés. Do mesmo modo, durante as viagens longas de carro, comboio ou avião, e sempre que possível, ande um pouco para permitir a circulação do sangue nas veias.
 
2. Escolher um desporto apropriado
A prática regular e com sapatos apropriados da marcha a pé é a atividade mais benéfica para a circulação venosa. A planta dos pés, devido a estar bastante irrigada por vasos venosos, funciona como uma bomba que movimenta o sangue. A cada passo, vai comprimir as veias dos pés, o que impulsiona o sangue para cima até às pernas. Depois, a contração dos músculos da perna favorece a subida do sangue até ao coração. Por estas razões, a prática da ginástica, do ciclismo, dança, natação ou golfe, facilita a circulação venosa. Pelo contrário, são desaconselhados os desportos que obrigam a movimentos bruscos, como o ténis, basquetebol, squash, etc. Estes desportos provocam variações na pressão do sangue nas veias, o que vai provocar a  dilatação dos vasos e menor circulação de sangue até ao coração.

3. Evitar lugares quentes
As variações de temperaturas modificam o comportamento das veias. Um aumento do calor nas pernas favorece a dilatação das veias, diminuindo a circulação venosa. Devem ser evitadas, ou diminuídas, todas as exposições ao calor: calor do sol, depilação com cera quente, banhos quentes, sauna e vestuário muito quente.

4. Procurar lugares frescos
A influência do frio é importante porque é favorável à contração das veias. Um duche de água fria nas pernas , ativa a funcionalidade das suas veias e alivia a sensação de peso e dor nas pernas. Caminhar à borda de água na praia, é muito útil porque associa o exercício à temperatura baixa.

5. Prevenir a prisão de ventre e o excesso de peso
A prisão de ventre e o excesso de peso são dois fatores responsáveis pelo aumento da pressão sanguínea nas veias, por isso, e para evitar estes problemas, deve fazer uma alimentação rica em fibras (ex. vegetais), uma boa hidratação (consumo diário de 1 litro e meio de água) e consumir menos gorduras saturadas (ex. manteiga, carne de porco).

6. Usar vestuário apropriado
O vestuário apertado comprime as veias e bloqueia a circulação do sangue nas pernas. Deve escolher um vestuário confortável e largo, evitando as calças muito estreitas, meias com elástico ou cintos apertados.

7. Usar sapatos apropriados
Os sapatos de salto alto reduzem a superfície de apoio do pé, tal como os sapatos planos sem salto que aumentam demais essa superfície, o que vai diminuir a circulação do sangue dos pés para as pernas. Por isso, os sapatos devem ter idealmente 3 a 4 cm de altura.

8. Facilitar a circulação sanguínea durante o sono
Para melhorar a circulação do sangue durante o sono, deve fazer alguns movimentos de pedalar antes de dormir e levantar os pés da cama 10 a 15 cm.

9. Reconhecer as situações que podem agravar os problemas venosos, como a gravidez ou a contraceção oral
A doença venosa é mais frequente na mulher devido à influência das hormonas (progesterona e estrogénio). Os estrogénios aumentam a permeabilidade das veias e a progesterona é responsável pela sua dilatação. Durante a gravidez, estas hormonas existem em grande quantidade, daí o elevado risco de insuficiência venosa nestas mulheres. Estas hormonas existem também nas pílulas contracetivas. Deste modo, é indispensável uma supervisão médica regular.

10. Massajar as pernas o mais frequentemente possível
A massagem das pernas, de baixo para cima, melhora a circulação do sangue para o coração.

Recomendações da Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular (SPACV)

18/09/13

MELANOMA: É MELHOR PREVENIR




Mais uma apresentação muito elucidativa do Dr. Mike Evans, desta vez sobre o melanoma cutâneo e a melhor forma de o prevenir.

16/09/13

QUESTÕES ÉTICAS NOS RASTREIOS EM SAÚDE

O texto seguinte, escrito pelo Prof. Walter Osswald, foi publicado pelo jornal Público em 26.06.2013.

Nos últimos tempos, e sem dúvida com a intervenção de casos ou figuras mediáticas, tem-se debatido o papel em saúde pública dos variados rastreios que é possível levar a cabo, no intuito de detetar precocemente situações de doença que possam ser tratadas em tempo útil – ou até diagnosticar riscos elevados de contrair determinada doença, em indivíduo sem manifestações patológicas, que se pode pois considerar são.

Os rastreios parecem reunir todas as condições para serem incentivados e levados à prática: é óbvio que a Medicina vê na prevenção uma das suas mais prementes e importantes tarefas. Se o auto-exame, as consultas médicas a intervalos regulares e a realização de ecografias e mamografias são hoje consideradas medidas aconselháveis a toda a população feminina de certos estratos etários (limite mínimo geralmente estabelecido nos 40 anos) para diagnóstico precoce do cancro da mama, não é possível falar-se de um plano nacional que configure essas mesmas medidas.

De forma similar, o despiste de lesões malignas ou pré-malignas do cólon (por colonoscopia, recomendada a partir dos 50-60 anos, a realizar a intervalos regulares) não encontrou institucionalização no âmbito do plano nacional de saúde. Ainda menos se vislumbra a eventualidade de incluir nesse plano outros rastreios, como o do cancro da próstata ou o do melanoma cutâneo.

Em recentes anos, surgiu uma nova e perturbadora possibilidade de proceder à determinação do genoma de uma pessoa e de nele detetar características genéticas indiciadoras do futuro aparecimento de determinada doença. Note-se, desde logo, que excluindo raras doenças ligadas a um carácter dominante, na maioria dos casos os dados obtidos apenas podem ser expressos em graus de probabilidade e que a margem de erro desses testes (isto é, a obtenção de resultados falsos, positivos ou negativos) é considerável. Levantam-se, neste caso, dúvidas muito sérias, relativas a questões éticas (confidencialidade dos dados, responsabilidade dos analistas, direitos de familiares, capacidade de exigir a análise, etc.) e económicas (custos, comparticipação), mas o problema essencial tem a ver com o facto de tais testes poderem ser livremente adquiridos no mercado da internet, sem indicação ou prescrição médica; e de terceiros facilmente poderem ter acesso a material biológico de uma pessoa (ex. saliva) e de procederem à respetiva análise, sem autorização e no desconhecimento do indivíduo visado.

A recente revelação, por Angeline Jolie, de que tinha procedido a mastectomia bilateral, por ter realizado um teste que revelou uma anomalia num gene, de que resultou uma elevada probabilidade de poder vir a ter cancro da mama, desencadeou uma onda de inquietação, receio e angústia em inúmeras mulheres, que não encontraram lenitivo nos comentários tranquilizadores dos clínicos e especialistas. Este é mais um caso em que a informação veiculada pelos meios de comunicação não se revelou socialmente útil, antes gerou medo e sofrimento psicológico.
 
 
 
 
Prof. Doutor Walter Osswald,
Instituto de Bioética da Universidade Católica Portuguesa

11/09/13

DEITAR CEDO E CEDO ERGUER…


A sabedoria popular reconhece há séculos a importância de uma noite bem dormida, para o que contribui deitar cedo e manter hábitos de sono regulares
 
 Eis alguns conselhos para dormir bem, ou pelo menos melhor:
  
- Evite refeições pesadas e muitos líquidos à noite;
- Não beba café e outras bebidas com elevado teor em cafeína a partir das 14 horas;
- Apague todas as luzes;
- Evite atividades estimulantes antes de deitar, como ver televisão ou trabalhar no computador;
- Adquira colchões confortáveis e silenciosos.
 
Dormir a sesta poderá ser benéfico para quem tiver esse hábito. Caso contrário, não há geralmente grande vantagem em dormir durante o dia, pois poderá prejudicar o período de sono noturno. Segundo alguns especialistas, a regularidade na hora de deitar é ainda mais importante que o número total de horas de sono.

02/09/13

COLESTEROL: O QUE PRECISA DE SABER


O colesterol – substância lipídica normal, que circula no nosso sangue ligado a proteínas, pode condicionar ao longo dos anos, quando elevado, o aparecimento de aterosclerose: o tipo de arteriosclerose que facilita a progressiva ou súbita obstrução das nossas artérias, dificultando a passagem do sangue, e provocando as mais graves doenças cardiocerebrovasculares: angina de peito, enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral, etc. Estes perigos derivam essencialmente da sua fração LDL (Low Density Lipoproteins) enquanto a fração HDL (High Density Lipoproteins) funciona como protetora. Quanto mais altos forem o colesterol total e a fração LDL (“colesterol mau”) pior, e quanto mais elevado o HDL (“colesterol bom”), melhor.
  
2. Os níveis de colesterol podem subir gradualmente com a idade dependendo de muitos fatores, uns genéticos (por exemplo hipercolesterolémia familiar), alguns síndromes metabólicos, outros derivados do nosso estilo de vida: erros alimentares, falta de atividade física, etc. É sobre estes últimos que podemos atuar – procurando corrigir a alimentação, o sedentarismo e o excesso de peso, para que o colesterol suba menos (e isso é também verdadeiro mesmo quando há tendência genética).
  
3. Todos nós, devemos procurar saber o valor do nosso colesterol no sangue: “saiba o seu número” dizem os americanos.
• Se for normal (igual ou menor que 190 mg/dl) só é preciso repetir a análise em novo check-up (cada 3 ou 4 anos).
• Entre 190 e 220 deve adotar uma alimentação mais “correta, equilibrada e inteligente” e um estilo de vida mais saudável (isto é sem tabaco e com mais exercício) e repetir a análise dentro de 2 ou 3 meses, falando com o seu médico sobre o seu risco em conjunto com os outros fatores de risco de doença cardiocerebrovascular, sexo, idade, tabaco e açúcar no sangue.
• Se for maior que 220 mg., consulte o seu médico de família, pois poderá ter de fazer mais qualquer coisa, p. ex. medicamentos.
• Se for menor do que 150 é bom, mas deverá ouvir também o seu médico.
• O tratamento deverá trazer o colesterol total para valores ≤190 e o LDL para ≤115. Todavia, se já é doente cardiocerebrovascular, ou tem doentes precoces na família, aponta-se para LDL ≤100 (alguns pedem 70). O HDL deverá ser maior que 45 na mulher e 40 no homem.
  
4. A necessidade de conhecer o valor do colesterol no sangue é imperiosa, inclusive nas crianças – cuide bem dos seus sub-20 (dos 0 aos 19 anos de idade) no caso de terem antecedentes familiares de doença ou mortes precoces por patologia aterosclerótica: doença cerebrovascular, doença coronária ou de outras artérias (membros inferiores, etc.), ou grave hipercolesterolémia (isto é, maior que 300 mg/dl) ou com manifestações cutâneas suspeitas – xantelasmas ou xantomas – que são acumulações de colesterol sob a pele, mais frequente nas pálpebras ou nos cotovelos. Em todos os casos a prevenção ativa (dieta e exercício) ajuda a reduzir os riscos.
 
5. Devem vigiar o colesterol com particular cuidado, todos os fumadores, os doentes diabéticos (ou com intolerância à glicose) e todos os que tenham hipertensão arterial ou doença vascular (p. ex. cerebral, coronária, das carótidas ou dos membros inferiores).
  
6. A principal arma para prevenir o aumento do colesterol é a alimentação.
Uma alimentação correta, equilibrada, saudável e inteligente implica:
• Um nível baixo na quantidade total de gordura.
• Eliminar o mais possível as gorduras ditas “saturadas” (gorduras da carne, manteiga, queijo e leite gordos, ovos, miolos e vísceras, gorduras vegetais tratadas industrialmente (margarinas duras) ou transaturadas por sucessivas frituras.
• Preferir gorduras vegetais, mono ou poli-insaturadas (azeite e outros óleos vegetais como milho, girassol, soja, grainha de uva) ou gordura de peixe (também monoinsaturada).
• Preferir carnes brancas (p. ex. de aves: frango, peru, tirando-lhes a pele).
• Consumir peixe 3 ou 4 vezes por semana (ricos em ácidos gordos ómega 3 ou ómega 6, que são particularmente benéficos).
• Aumentar muito o consumo de vegetais (para mais de 400 gr. por dia): sopas de hortaliças, todos os legumes, saladas, fruta.
• Optar por um maior consumo de cereais (pão de segunda ou preparados ricos em fibras como p. ex. trigo ou arroz integral, farelo ou gérmen de trigo).
• Consumir mais leite magro ou outros produtos lácteos (iogurtes, queijo, etc.) também magros.
• Pode consumir bebidas alcoólicas, mas apenas de forma moderada (2 ou 3 dl de vinho tinto/dia ou 2 cervejas), se já tiver esse hábito e não tiver contraindicações (doença do fígado, excesso de peso ou obesidade).
  
7. Contribuem também para reduzir os efeitos do colesterol aumentado (ou mesmo reduzir o colesterol LDL e aumentar o HDL) a correção de algumas atitudes e comportamentos de risco, e de alguns fatores biológicos, a saber:
• Reduzir o excesso de peso e a obesidade, se possível para o peso normal (não exceder em Kg os centímetros acima do metro. Outra forma de avaliação será o índice de massa corporal (manter entre 18,5 e 25 kg/m2).
• Reduzir o perímetro do abdómen para menos que 82 cm para as mulheres e 94 cm para os homens.
• Vigiar a glicemia (< 126 mg em jejum ou hemoglobina glicada < 6%) e prevenir ou tratar a diabetes.
• Controlar a hipertrigliceridémia (para menos que 150 mg/dl após 12h de jejum), com atenção especial ao álcool e ao abuso de açúcar e doces, outros hidratos de carbono, e total de calorias.
• Reduzir o stress excessivo na vida de todos os dias.
• Diminuir o sedentarismo aumentando a atividade física diária – passeio a pé de 30 a 60 min/dia todos os dias, ou iniciar mesmo uma atividade desportiva (após exame médico).
  
8. O tratamento da hipercolesterolémia depende, na maioria dos casos, da dieta (para baixar o colesterol LDL - o “mau”), do exercício (que faz baixar o colesterol total e o LDL e subir o colesterol HDL - o “bom”), da medicação se for necessária, e do controlo médico dos outros fatores de risco que, para níveis iguais de colesterol, agravam muito os seus efeitos prejudiciais:
• Tabaco (parar já).
• Hipertensão arterial (normalizar a pressão para valores ≤ 130/85 mm Hg ou 120/80 mm Hg se for diabético ou tiver doença renal crónica).
• Diabetes ou intolerância à glicose (controlar com dieta e exercício, ou também com medicação).
• Obesidade e excesso de peso – corrigir com dieta e exercício, e eventualmente com medicação, aconselhamento nutricional e acompanhamento psicológico.
  
9. Quando a hipercolesterolémia não normaliza com dieta rigorosa (em termos de gorduras saturadas, e de colesterol, na alimentação) e com o incremento da atividade física (para além dos passeios diários a pé) pode ter de recorrer a uma terapêutica farmacológica: são vários os medicamentos ativos que baixam o colesterol “mau”, e alguns até fazem subir o “bom”. Podem mesmo associar-se novos medicamentos que começam por reduzir a absorção intestinal das gorduras. A responsabilidade e orientação destas terapêuticas cabem ao seu médico assistente.
  
10. De notar que todas as recomendações que atrás fizemos (para prevenir ou reduzir a hipercolesterolémia) se tornam particularmente importantes, ou mesmo obrigatórias, se se tratar de pessoas que já tiveram qualquer manifestação clínica de:
• Insuficiência vascular cerebral (isquemia transitória, ou mesmo trombose ou hemorragia cerebral)
• Doença das artérias coronárias (angina de peito, enfarte do miocárdio ou arritmias graves)
• Insuficiência arterial periférica (vasos do pescoço, dos membros ou de outros territórios vasculares).
 
Fonte: Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva (Prof. Fernando de Pádua)

21/08/13

VACINAR CONTRA O CANCRO

A infeção pelo Papilomavírus Humano (HPV) é a doença de transmissão sexual mais comum, atingindo mais de 80 % das mulheres em algum período da sua vida. Existem atualmente duas vacinas que previnem a infeção dos 2 tipos mais frequentes do HPV, conforme explica o Dr. Mike Evans no vídeo seguinte. Se pretende saber mais sobre este tema, em língua portuguesa, pode clicar aqui.


12/08/13

POEMA DE CAMILO



Amigos

Amigos, cento e dez, ou talvez mais,
Eu já contei. Vaidades que eu sentia:
Supus que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais!

Amigos, cento e dez! Tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia
Que, já farto de os ver, me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.

Um dia adoeci profundamente. Ceguei.
Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quási rotos.

Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego não nos pode ver.
- Que cento e nove impávidos marotos!

Camilo Castelo Branco (1825-1890)