26/12/12

SINTOMAS DA DOENÇA VENOSA

 
A doença venosa dos membros inferiores manifesta-se por vários sintomas gerais não específicos como sensação de pernas pesadas, sensação de pernas inchadas, dor, desconforto ou comichão dos membros. Há, contudo, algumas características frequentes nesta doença. Os sintomas aumentam geralmente de intensidade ao longo do dia, assim como nos períodos de maior calor e na posição de pé, e normalmente não aliviam com medicação analgésica ou anti-inflamatória mas sim com medicamentos venoativos e uso de meias elásticas.
 
A realização de um ecodoppler venoso dos membros inferiores é um exame importante para a confirmação do diagnóstico.

19/12/12

A MAIS BELA HISTÓRIA



Foi assim o nascimento de Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, mas, antes que se unissem, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Por ser José, seu marido, um homem justo, e não querendo expô-la à desonra pública, pretendia anular o casamento secretamente. Mas, depois de ter pensado nisso, apareceu-lhe um anjo do Senhor em sonho e disse: "José, filho de Davi, não tema receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados".
 
Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: "A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe chamarão Emanuel" que significa "Deus connosco". Ao acordar, José fez o que o anjo do Senhor lhe tinha ordenado e recebeu Maria como sua esposa. Mas não teve relações com ela enquanto ela não deu à luz um filho. E ele lhe pôs o nome de Jesus.
 
[S. Mateus 1, 18-25]

This is how the birth of Jesus the Messiah came about: His mother Mary was pledged to be married to Joseph, but before they came together, she was found to be pregnant through the Holy Spirit. Because Joseph her husband was faithful to the law, and yet did not want to expose her to public disgrace, he had in mind to divorce her quietly. But after he had considered this, an angel of the Lord appeared to him in a dream and said, “Joseph son of David, do not be afraid to take Mary home as your wife, because what is conceived in her is from the Holy Spirit. She will give birth to a son, and you are to give him the name Jesus, because he will save his people from their sins”.

All this took place to fulfill what the Lord had said through the prophet:  “The virgin will conceive and give birth to a son, and they will call him Immanuel” (which means “God with us”). When Joseph woke up, he did what the angel of the Lord had commanded him and took Mary home as his wife. But he did not consummate their marriage until she gave birth to a son. And he gave him the name Jesus.

[Matthew 1, 18-25]
 
 

28/11/12

ARISTIDES DE SOUSA MENDES

Aristides de Sousa Mendes (1885-1954) foi um diplomata português que durante a II Guerra Mundial salvou cerca de 30 000 judeus da perseguição nazi, quando a França foi invadida pela Alemanha em 1940. Contrariando as ordens do ditador Salazar, passou milhares de vistos em Bordéus e, posteriormente, em Bayonne. Segundo um historiador, foi “a maior ação de salvamento por um único indivíduo durante o Holocausto”.
 
O filme “Aristides de Sousa Mendes – O Cônsul de Bordéus”, realizado em 2011, revela a humanidade e coragem deste português ilustre.


26/11/12

PROCURADOR DE CUIDADOS DE SAÚDE

Foi implementada há 5 meses em Portugal legislação sobre diretivas antecipadas de vontade no âmbito dos cuidados de saúde (Lei n.º 25/2012, de 16 de Julho), sob a forma de um testamento vital ou da nomeação de um procurador de cuidados de saúde. Na minha opinião, a grande vantagem desta lei foi regulamentar a figura de um procurador de cuidados de saúde, que possa representar e decidir pelo paciente “quando este se encontre incapaz de expressar a sua vontade pessoal e autonomamente”(Art. 12.º, n.º1).
  
Para o bioeticista Edmund Pellegrino, o testamento vital deveria ser um documento de último recurso se uma pessoa não tiver ninguém da sua confiança que possa designar como Procurador de Cuidados de Saúde. Isto porque o Testamento Vital não pode especificar todos os detalhes e contingências de situações que poderão vir a ocorrer num futuro mais ou menos distante.

19/11/12

A VIDA E A ARTE DE ROBERT POPE

Robert Pope, natural do Canadá, faleceu com apenas 35 anos. Durante os últimos dez anos da sua curta vida, procurou combater o linfoma de Hodgkin que acabaria por o vitimar. Nesse período, devido à sua formação artística, representou inúmeras situações que presenciou como paciente. Algumas das experiências que vivenciou denotam falta de humanização na prestação dos cuidados de saúde, que as suas ilustrações representam de uma forma pungente.
 
Poderá conhecer mais acerca da sua vida e obra aqui.

13/11/12

PREVENÇÃO DO HIV-SIDA EM MOÇAMBIQUE

Um dos principais comportamentos de risco associados à propagação do HIV-SIDA (AIDS) são relações sexuais extraconjugais. Os dois vídeos seguintes, realizados em Moçambique no âmbito de uma campanha de prevenção, pretendem alertar a população, sobretudo as camadas mais jovens, para este importante problema sanitário e social.
 




29/10/12

QUERO SER MÉDICO


Não conheço o Dr. João Magalhães, autor deste livro, mas felicito-o pela feliz e oportuna iniciativa de escrever este pequeno guia prático, de grande utilidade para os jovens portugueses que ponderam escolher a Medicina como sua futura profissão.
 
Aprecio também a forma como o autor responde à pergunta “que tipo de pessoa é um bom médico?” (p. 25):
 «Um bom médico é um bom comunicador e tem a capacidade de escutar com atenção os seus doentes. É uma pessoa com empatia e com a preocupação de informar os doentes, adequadamente, sobre o diagnóstico e tratamento da(s) doença(s) em causa, assegurando-se que os doentes entendem o que lhes foi comunicado.
Um bom médico é uma pessoa altruísta e, consequentemente, está sempre disposto a pôr as necessidades dos seus doentes em primeiro lugar.
Um bom médico tem um bom sentido de serviço (de saber servir com gosto e com vontade). Preocupa-se sempre em ajudar os outros a sentirem-se melhores e em aperfeiçoar o serviço de saúde prestado.
Acima de tudo, um bom médico tem um forte sentido de profissionalismo. Estima a sua honra e integridade, comprometendo-se a manter os valores eternos da Medicina».

22/10/12

OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO DO MILÉNIO

Em 2000, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), 189 chefes de Estado e de Governo, incluindo Portugal, assinaram a chamada “Declaração do Milénio”, que levou à formulação de 8 objetivos de desenvolvimento, a alcançar até 2015.
 
O Relatório mais recente de avaliação do cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, publicado pela ONU em Julho passado, revela que três dos oito objetivos estabelecidos já foram cumpridos. Os objetivos atingidos foram: reduzir para metade o número de pessoas vivendo em situações de extrema pobreza; reduzir para metade a proporção de pessoas sem acesso a água potável e melhorar a vida de pelo menos 100 milhões de habitantes de favelas. Pode obter informações detalhadas sobre os progressos alcançados aqui.



 

16/10/12

ANO EUROPEU DO ENVELHECIMENTO ATIVO

2012 foi designado pela União Europeia o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações. A noção de envelhecimento ativo refere-se à possibilidade de se envelhecer com saúde e autonomia, continuando a participar plenamente na sociedade enquanto cidadão ativo. Independentemente da idade, todos podem continuar a desempenhar um papel na sociedade e a usufruir de uma boa qualidade de vida. O desafio consiste em aproveitar da melhor forma o enorme potencial que cada um conserva até ao fim da vida.
 

04/10/12

MAQUIAVEL E OS POLÍTICOS

                        "Acaso sou um político, sou insidioso, sou um Maquiavel?"
                         William Shakespeare in As Alegres Comadres de Windsor

As brutais medidas de austeridade anunciadas ontem pelo Ministro das Finanças irão certamente contribuir para a falta de esperança dos portugueses na competência do atual governo, após um período inicial de grande expectativa no rescaldo dos desmandos socráticos. A solução encontrada pelos sucessivos governos para combater o défice orçamental tem sido o aperto fiscal dos contribuintes, sobretudo de quem trabalha e paga os seus impostos, em vez de proporem medidas firmes de redução dos gastos obscenos do Estado e de combate à corrupção e evasão fiscal.
 
Há algumas semanas atrás participei como preletor num colóquio onde também interveio um conhecido político, com importantes responsabilidades parlamentares, por quem nutria alguma simpatia. Qual não foi o meu espanto quando esse reputado indivíduo defendeu despudoradamente a “proposta” do florentino Nicolau Maquiavel (1469-1527) no seu livro O Príncipe, de uma política sem ética e sem valores.
 
Com políticos destes, não antevejo melhores tempos.


01/10/12

QUE MÉDICOS QUEREMOS?

No sábado passado, realizou-se uma sessão de lançamento do meu livro “Que Médicos Queremos? Uma abordagem a partir de Edmund D. Pellegrino” na Universidade do Minho, integrada no 17.º Congresso Nacional de Medicina Geral e Familiar. A obra foi apresentada pelos Professores Daniel Serrão, Silveira de Brito e Ana Paula Coutinho, tendo a sessão sido moderada pelo Dr. João Sequeira Carlos, Presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar.
 

 
Partilho hoje alguns extratos do prefácio, da autoria do Prof. Daniel Serrão:

“Vejo este livro de Jorge Cruz  como um esforço do seu Autor para ajudar os Cidadãos  a pensarem na resposta à questão sobre qual o tipo de médico que querem ter à sua volta quando a doença lhes bater à porta.
Jorge Cruz não se apresenta sozinho a realizar esta tarefa de ajudar os Cidadãos a construírem, cada um na sua cultura e na sua inteligência, o tipo de médicos que realmente querem que exista e ao qual possam, um dia, recorrer. Escolheu um bom companheiro de jornada na pessoa do grande internista americano, Edmund Daniel Pellegrino, cuja obra científica, profissional e humanista estudou e discutiu com invulgar sagacidade noutra obra.
Jorge Cruz reconhece, a abrir a sua exposição, que sempre houve uma reflexão filosófica sobre a natureza da medicina como relação privilegiada entre duas pessoas. Sendo um diálogo interpessoal, a prática de acolher e ajudar o outro tem de ocorrer, sempre, em contexto ético. Não é um mero exercício profissional apenas técnico; é técnico, mas é, necessariamente, ético. E esta é, para Jorge Cruz, a marca indelével da medicina, que, por isso, coloca ao médico responsabilidades particulares que ele terá de saber assumir.
E assumir estas responsabilidades é, para Jorge Cruz, comportar-se como um ser humano virtuoso.
Reconhece, contudo, que não é fácil elencar as virtudes que o médico deve possuir como estruturantes da sua atividade profissional. Até porque há um hiato entre virtudes pessoais e comportamento virtuoso.
Apoiado em Pellegrino, desenvolve o conteúdo das oito virtudes mais substantivas do médico como profissional. O capítulo V, onde é apresentado este tema é, a meu ver, uma espécie de código ético ao qual os leitores médicos terão o maior benefício em recorrer quando tenham de decidir em situações mais delicadas.
E onde os Cidadãos encontrarão o fundamento para responderem à questão inicial: que médicos querem eles, cidadãos, para serem seus cuidadores quando se sentirem doentes?
A resposta está neste livro: querem os que forem portadores das oito virtudes cardeais e as usem quando decidem sobre a pessoa doente que se entrega aos seus cuidados.
 
Jorge Cruz trata, ainda, de um aspeto, complementar mas importante, como é o do ensino das virtudes nas Escolas de Medicina. Salienta as dificuldades que este ensino defronta porque, a seu ver, e bem, o melhor ensino das virtudes é o da experiência de observar comportamentos virtuosos por parte dos profissionais em ação. Mas não é pessimista quanto à possibilidade de formalizar este ensino no quadro de um ensino das humanidades.
O tema das humanidades, que comenta na parte final deste seu livro, é pretexto para forragear em Pellegrino e colher ensinamentos que transmite com assinalável clareza. Sem esquecer que, no novo ensino médico praticado na Universidade do Minho, as humanidades têm já expressão curricular, por inspiração do saudoso Professor Joaquim Pinto Machado.
Em síntese, digo que este livro de Jorge Cruz aborda um tema da maior atualidade, como é o da formação do médico para a modernidade, e o seu conteúdo não interessa apenas aos profissionais de saúde mas a quantos, e somos todos, os que  virão um dia  a recorrer aos médicos como cuidadores da doença e promotores da saúde”.

24/09/12

EUTANÁSIA: UMA FONTE DE ÓRGÃOS PARA TRANSPLANTAÇÃO?

Um artigo publicado na revista Applied Cardiopulmonary Pathophysiology   apresenta despudoradamente os primeiros casos conhecidos de colheita de órgãos de doentes mortos por eutanásia, para serem transplantados em doentes que deles necessitam. Esta situação não ocorreu na China, que desde há vários anos utiliza órgãos para transplante provenientes de prisioneiros condenados à morte, mas sim num hospital em Lovaina, na Bélgica, em 2011, nove anos após a legalização da prática da eutanásia neste país.
 
Trata-se de um exemplo extremo e inaceitável de instrumentalização da pessoa humana, que de certa forma se assemelha a algumas práticas criminosas executadas por muitos médicos nazis. Apesar do artigo referir ter sido obtido o consentimento de todos os dadores, antes de serem eutanasiados, não demorará muito tempo até se efetuarem colheitas de órgãos de pessoas submetidas a eutanásia não voluntária (sem o consentimento livre e esclarecido do doente), que se tem verificado nos países onde a eutanásia e/ou o suicídio assistido são legais. O artigo Legalizing euthanasia or assisted suicide: the illusion of safeguardsand controls chama precisamente a atenção para a dificuldade de se regular a prática da eutanásia e/ou o suicídio assistido de acordo com os requisitos definidos por lei.

17/09/12

DIETRICH BONHÖEFFER

No meu último livro (Que Médicos Queremos?) incluo duas citações do teólogo alemão Dietrich  Bonhoeffer (1906-1945), um dos meus autores preferidos. Era um homem de fé e de caráter, que os algozes nazis condenaram à morte. Escrevendo em 1940, resume com extraordinária lucidez e premonição os perigos de uma ética deontológica separada do caráter do agente moral, conforme se verificou na Alemanha do III Reich:
 
O caminho do dever parece ser o mais seguro para se eximir à mole desorientadora das decisões possíveis. Aqui, o que foi ordenado apreende-se como o mais certo; a responsabilidade pela ordem recai sobre aquele que a profere, não sobre aquele que a executa. Mas quem se restringe à medida do dever nunca chega à ousadia da ação livre, que acontece por responsabilidade própria, a única ação que consegue atingir o mal no centro e vencê-lo. O homem do dever acabará por cumprir ainda o seu dever, mesmo diante do diabo. In BONHOEFFER, D. (2007).  Ética. Lisboa: Assírio e Alvim, p. 49.

06/09/12

SOBRE A MENTIRA

Uma afirmação verdadeira vale para sempre; as mentiras só duram um instante.
  
Provérbios 12:19
 
A lie has a short life, but truth lives on for ever.

22/08/12

SOBRE JESUS CRISTO

Jesus não é apenas um ou o melhor dos caminhos para se chegar a Deus. Ele é o único.

A. W. Tozer (1897-1963)

Jesus is not one of many ways to approach God, nor is He the best of several ways; He is the only way.

13/08/12

HÁ ALGUÉM QUE PRECISA DE SI. DÊ SANGUE!



Durante o verão é mais difícil a manutenção de reservas de sangue para corresponder às necessidades de quem dele precisa para viver. Se ainda não é dador, considere a possibilidade de doar sangue como um gesto solidário. Mas informações aqui.

30/07/12

BOCAGE E OS MÉDICOS

Em período de férias, partilho alguns epigramas do poeta português Bocage (1765-1805) que, tal como Voltaire, tinha pouco apreço pelos médicos da sua época.

Certo enfermo, homem sisudo,
Deixou por condescendência
Chamar um doutor, que tinha
Entre os mais a preferência.

Manda-lhe o fofo Esculápio
Que bote a língua de fora,
E envia dez garatujas
À botica sem demora.

"Com isto (diz ao doente)
A sepultura lhe tapo."
Replica o pobre a tremer:
"Aposto que não escapo."

O pai enfermo e o doutor

Um velho caiu na cama;
Tinha um filho esculapino,
Que para adivinhações
Campava de ter bom tino.

O pulso paterno apalpa,
E receitar depois vai;
Diz-lhe o velho, suspirando:
"Repara que sou teu pai."

A moléstia e a receita

Para curar febres podres
Um doutor se foi chamar,
Que feitas as cerimónias,
Começou a receitar.

A cada penada sua
O enfermo arrancava um ai!
– "Não se assuste (diz Galeno),
Que inda desta se não vai."

– Ah! senhor! (torna o coitado,
Como quem seu fado espreita)
Da moléstia não me assusto,
"Assusto-me da receita."

Conselho a um impaciente

Homem de génio impaciente,
Tendo uma dor infernal,
Pedia, para matar-se,
Um veneno, ou um punhal.

– "Não há (lhe disse um vizinho
Velho que pensava bem),
Não há punhal, nem veneno;
Mas o médico aí vem."


A parca e o médico

– "Morte! (Clamava o doente)
Este mísero socorre."
Surge a Parca de repente,
E diz de longe: – "Recorre
Ao teu médico assistente."

A cura

Lavrou chibante receita
Um doutor com todo o esmero;
Era para certa moça,
Que ficou sã como um pero.

"Tão cedo! É milagre!"
A mãe (que de gosto chora)
"Minha mãe, não é milagre,
Deitei o remédio fora!"


O adeus do doutor

Um médico receitou:
Súbito o récipe veio.
Do qual no bucho do enfermo
Logo embutiu copo e meio,

– "Adeus até à manhã"
(Diz o fofo professor).
Responde o doente: – "Adeus
Para sempre meu doutor".

26/07/12

SOBRE A FELICIDADE

A maior felicidade na vida é a certeza de sermos amados, apesar de sermos como somos.

Victor Hugo (1802-1885)

Life's greatest happiness is to be convinced we are loved – loved for ourselves, or rather, loved in spite of ourselves.

16/07/12

FIDELIDADE NA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE

O texto seguinte foi escrito pelo Dr. David Chaput de Saintonge, Diretor de Educação da PRIME – Partnerships in International Medical Education, sobre o papel central da fidelidade e confiança na relação médico-paciente.

Faithfulness
I first met June about 30 years ago. She was a smart, well-dressed woman with immaculate blonde hair. She was suffering from an undiagnosed thrombotic disorder and was on long-term anticoagulants. Since I worked in a hospital, I did not usually see my patients for more than one or two occasions, they were then returned to the care of their family practitioner. However June’s condition was rather unstable and, amongst her many problems, it was clear she was suffering from endogenous depression. At the time this was treated with tricyclic antidepressants and her condition rapidly improved. June was an intensely private person and had difficulty admitting to any symptoms even though she was beginning to know me quite well. I remember one occasion, several years after I first met her, she came into the consulting room with her usual confident manner, but with her hair looking like a bird’s nest. It was clear to me that her depression had returned, something she eventually admitted after a little gentle probing. I’m sure that if I had been seeing her for the first time she would have resisted the suggestion. It was only because I had developed a long-term relationship with her that I was able to notice the changes in her appearance and she was able to open up about her feelings.
  
It is widely accepted that long-term relationships between doctor and patient are vital for good health care in family practice. There is evidence that ‘faithful’ relationships are more satisfying for doctors as well as for patients; patients need fewer laboratory tests and, as in the case of June, patients are more likely to disclose personal problems which helps the doctor or nurse to heal their illnesses. However, most of the published studies have, with a few exceptions, been of relatively short duration. Research published on American patients over the age of 65 examined the impact of the duration of physician-patient relationships on the processes and costs of medical care. The authors found that the longer the relationship between doctor and patient the less the likelihood that the patient would require hospital admission. Furthermore the overall health costs decreased as the length of the relationship increased [1]. The control of diabetes and the likelihood of diabetic complications are significantly increased where there is no continuity of care [2]. Continuity is associated with better diagnosis, more effective preventive care, greater patient satisfaction, better adherence to medical advice, better quality of life shown on scores for mental health, improved perception of health and greater freedom from pain. According to patients, one of the main factors responsible for maintaining continuity in the relationship was “friendship with a physician’. Compassionate relationships seem to be particularly deepened by home visits [3]. Patients who value long-term relationships the most seem to be those with chronic illnesses, taking large numbers of medications, experiencing  significant amounts of pain and who have difficulty doing their everyday work [4].
  
Increasingly, continuity of physician care, where it ever existed, is under threat. Health care managers believe the continuity of care with a team, a group of doctors or a health care unit is equally good. The evidence suggests they are likely to be quite wrong. A study of over 13,000 patients compared the likelihood of hospitalisation in patients who had continuity of care with a specified individual physician with those who only had continuity with a particular group of physicians. Continuing care by an individual physician was associated with significantly less hospitalisation with its associated inconvenience, cost and morbidity [5].
  
When I retired from hospital practice June and I said goodbye. We had been faithful to each other and enjoyed a continuing therapeutic relationship lasting many decades. The personal and professional satisfaction it brought me made me envy my colleagues in family practice. For them it is, or should be, an everyday experience.

Referências
[1] Weiss, LJ, Blustein MD. Faithful patients: effect of long-term physician-patient relationships on the cost and use of health care by older Americans.  Amer J Pub Health 1996;86:1742-7.
[2] Hanninen J, Takala J, Keinannen-Kiukaanniemi S. Good continuity may improve quality of life in type 2 diabetes. Diabetes Res Clin Pract 2001;51:21-7.
[3] Gray DP,  Evans P, Sweeney K, Lings P, Dixon M, Bradley N. Towards a theory of continuity of care. J  Roy Soc Med 2003; 96:160-166.
[4] Nutting P, Goodwin MA, Flocke SAS, Zyzanski SJ, Stange KC. Continuity of primary care: to whom does it matter and when? Ann fam Med 2003; 1:149-155.
[5] Mainous AG, Gill M. The importance of continuity of care in the likelihood of future hospitalisation: is site of care equivalent to a primary clinician? Am J Public health 1998; 88: 1539-41.

12/07/12

SOBRE A BÍBLIA

Acredito que um só dos eloquentes capítulos de Isaías ou dos inspirados salmos de David contêm mais ajuda real para o ser humano do que toda a produção das mais extraordinárias mentes da Grécia durante os séculos da sua glória.

 A. W. Tozer (1897-1963)

It is my belief that but one of Isaiah’s eloquent chapters or David’s inspired psalms contains more real help for mankind than all the output of the finest minds of Greece during the centuries of her glory.

09/07/12

BÍBLIA PARA MIM

Foi editado recentemente pela Medicine One e pela Sociedade Bíblica de Portugal o livro "Bíblia para Mim", que tem sido distribuído gratuitamente em diversas unidades hospitalares do país.
Trata-se de uma edição inovadora, num formato único em língua portuguesa e com uma linguagem acessível, dirigida em especial para quem nunca leu a Bíblia ou para quem gostaria de a voltar a ler. Sendo a Bíblia património cultural da humanidade e tratando-se de uma edição dirigida a todas as pessoas, independentemente de professarem ou não a fé cristã, recomendo vivamente a sua leitura. Existe agora uma aplicação gratuita para iPAD da “Bíblia para Mim”. Mais informações aqui.

02/07/12

RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE NA LITERATURA

Escrevi o artigo “A relação médico-paciente em algumas obras literárias”, publicado na edição atual da Revista da Associação Médica Brasileira. Poderá ser lido aqui.

I’ve written the paper “The doctor-patient relationship in selected literary works”. It was published on the current edition of Revista da Associação Médica Brasileira. Click here to read the paper.

18/06/12

POEMA DE SOPHIA


LIBERDADE

Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.

Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)

04/06/12

HISTÓRIA DA MEDICINA

Um excelente documentário, em língua inglesa, sobre os avanços da Medicina nos últimos 200 anos.


12/05/12

FUMAR AFETA GRAVEMENTE A CIRCULAÇÃO DOS MEMBROS

Uma das verdades científicas relativamente desconhecidas pela sociedade em geral e pelos fumadores em particular, é a clara associação entre o consumo de tabaco e a doença arterial dos membros, uma das quais é a chamada doença de Buerger.
 
O vídeo seguinte apresenta alguns testemunhos de quem sofreu amputações em resultado do tabagismo. São histórias dramáticas, semelhantes às que tenho encontrado ao longo dos anos na minha atividade como cirurgião vascular.



07/05/12

ABORTO E INFANTICÍDIO

A publicação de um artigo no Journal of Medical Ethics, em Fevereiro passado, com  o título “After-Birth Abortion: Why should the Baby Live?”, em que os autores  defendem que “o estatuto moral de uma criança pequena é equivalente ao de um feto, no sentido em que ambos não possuem aquelas caraterísticas que justificam que lhes seja conferido o direito à vida”, causou alguma celeuma nos meios académicos.
  
Contudo, o argumento não é recente, pois já Peter Singer, no livro Practical Ethics (1993) referia que “o facto de uma criatura ser humana, no sentido de pertencer à espécie Homo sapiens, não é relevante para determinar se é errado matá-la. São antes características como a racionalidade, a autonomia ou a consciência de si que fazem a diferença. As crianças pequenas não possuem estas características. Por isso, matá-las não equivale a matar seres humanos normais ou qualquer outro ser [não humano] consciente de si.”
  
“Encarar as crianças recém-nascidas como entidades substituíveis, tal como agora encaramos os fetos, trar-nos-ia vantagens consideráveis, superiores às que alcançámos através do diagnóstico pré-natal. Este ainda não consegue detetar todas as deficiências mais graves. Com efeito, algumas delas só se revelam após o nascimento, podendo resultar de partos extremamente prematuros ou de complicações no próprio processo de nascimento. De momento, os pais podem optar apenas entre ter o filho ou abortar, caso a deficiência seja detetada durante o período de gravidez. Contudo, não existe qualquer razão lógica para restringir o direito de escolha dos pais a estas deficiências em particular. Se entendermos que os recém-nascidos deficientes não têm o direito à vida até perfazerem, digamos, uma semana ou um mês de idade, isso permitirá aos pais, com a ajuda dos médicos, decidir acerca da vida ou da morte do seu filho com base num conhecimento da sua condição bastante mais aprofundado do que aquele que se pode obter antes do nascimento”.
  
Nessa obra, reconhece que “a mudança de atitude do Ocidente face ao infanticídio desde o tempo dos romanos é, tal como a doutrina da santidade da vida humana de que faz parte, um produto do cristianismo”.
  
A tentativa de Singer em denegrir o papel do Cristianismo na cessação das práticas criminosas de infanticídio de menores na Antiguidade poderá ter um efeito oposto, pois, na minha opinião, tal reconhecimento atesta o enorme salto civilizacional que a fé cristã ocasionou, com base no respeito pela dignidade da pessoa humana.
  
O aspeto mais positivo de toda esta discussão é o reconhecimento de que o abortamento não se distingue do infanticídio numa perspetiva ética. Pode ser que assim alguns partidários do aborto livre admitam a perversidade desta prática, considerada legal em muitos países.

02/05/12

O QUE SÃO OS CUIDADOS PALIATIVOS?


São cuidados prestados a doentes em situação de intenso sofrimento decorrente de doença incurável em fase avançada e rapidamente progressiva. O objetivo consiste em promover, tanto quanto possível e até ao fim, o seu bem-estar e qualidade de vida.
Os cuidados paliativos são cuidados ativos, coordenados e globais, que incluem o apoio à família, prestados por equipas multidisciplinares, em internamento ou no domicílio. Estes cuidados têm como componentes essenciais o alívio dos sintomas, o apoio psicológico, espiritual e emocional do doente, o apoio à família e o apoio durante o luto.
Os cuidados paliativos não são determinados pelo diagnóstico das doenças, mas pela situação e pelas necessidades do paciente. No entanto, doenças como o cancro, a sida, doenças neurológicas graves e rapidamente progressivas implicam frequentemente a necessidade deste tipo de cuidados.
Os cuidados paliativos dirigem-se prioritariamente à fase final da vida, mas não se destinam, apenas, aos doentes moribundos. Muitos doentes necessitam de ser acompanhados durante semanas, meses ou mesmo anos antes da morte.
Os cuidados paliativos proporcionam aos doentes que vão morrer a possibilidade de receberem cuidados num ambiente apropriado, que promova a proteção da dignidade do paciente incurável na fase final da vida.
  
Fonte: Direção-Geral da Saúde

16/04/12

SORRIR COM MEIA CARA NÃO BASTA

A Drª Rosalind Simpson, uma das principais formadoras da PRIME, escreveu o seguinte texto sobre a virtude da compaixão na prestação dos cuidados de saúde.

A Smile on One Side of his Face

Having worked in Russia recently I have become very interested in the wealth of Russian literature about medicine. In one of Chekhov’s medical tales, called ‘A Nervous Breakdown’, he describes an intense experience by a young law student with his friends. They observe and feel a situation of depravity, poverty and in particular poverty of spirit with vulnerable people being abused. He is so affected by this unexpectedly heart-rending experience that he empathises very strongly with the situation and has a personal and spiritual crisis, which showed itself in abject physical distress.

Chekhov writes, “It was clear to him that everything that is called human dignity, personal rights, the Divine Image and semblance, were defiled to their very foundations …”. He encouraged his imagination to picture himself as part of the scene he had witnessed, and it moved him to horror. Vassilyev, the hero of our story, writes that he could reflect in his soul the suffering of others. “When he saw tears, he wept; beside a sick man he felt sick himself and moaned; if he saw an act of violence, he felt as though he himself were the victim of it, he was frightened as a child and in his fright ran to help. The pain of others worked on his nerves, excited him, roused to a state of frenzy and so on.” These are the writings of an intense and sensitive young man developing his views of the world and in many ways are similar to those of a medical student progressing through medical training. They see all sorts of desperate situations, and their response and feelings are not necessarily discussed after the event.

We know that medical students tend to lose compassion as they progress through their training. The Dean in the ‘Patch Adams’ film speaks to his new students in American medical school, “We're going to drill the humanity out of you and make you into something better … We’re gonna make doctors out of you.”

So how is the healthcare professional to accommodate these two extremes of empathy and hardness? Is there a middle road where we can take on the sufferings and tragedy of the patients we serve and yet cope with them personally? Can we continue to set our face again for each new contact? How can healthcare professionals develop the robustness of emotion that allows them to be themselves compassionate, truly understand the feelings and distress of those they see and yet give a dispassionate medical opinion taking all these factors into account?

Returning to Vassilyev. In our story, he describes in detail the depth of his empathy: “His whole attention was turned upon the spiritual agony which was torturing him.  It was a dull, vague, undefined anguish akin to misery, to an extreme form of terror, and to despair. He could point to the place where the pain was, in his breast under his heart, but he could not compare it with anything. In the past he had had acute toothache, he had had pleurisy and neuralgia, but all that was insignificant compared with this spiritual anguish. In the presence of that pain life seemed loathsome… But he also knew by experience that this agony would not last more than three days.“

However, when his friends came to visit and saw him in this state of spiritual distress they took him to see a mental doctor. One of his friends, a medical student, almost shed tears, but considering that doctors ought to be cool and composed in every emergency said coldly, “It's a nervous breakdown. But it's nothing. Let us go at once to the doctor.”

The medical student recommends the doctor he has chosen to see his friend, “He is a very nice man and thoroughly good at his work. He took his degree in 1882 and he has an immense practice already. He treats students as though he were one himself.”

This is very high praise and the way we as healthcare practitioners would like to be described.

The ensuing encounter is, however, very interesting…

“The stout fair-haired doctor received the friends with politeness and frigid dignity and smiled only on one side of his face.” The doctor addressed many questions to the medical student for twenty minutes – but not to the patient. “Vassilyev was annoyed by the way the doctor kept stroking his knees and talking of the same thing… Half the questions usually asked by doctors of their patients can be left unanswered without the slightest ill effect on the health, but it seemed that if he failed to answer one question all will be lost. As he received the answers the doctor for some reason noted them down on a slip of paper.” The doctor did not want to be interrupted, “‘Don't interrupt me, you prevent me from concentrating,’ said the doctor.” And he smiled on one side of his face.

Vassilyev becomes quite indignant about the lack of compassion from the doctor and his colleagues for the intense experience that he has just experienced. He says, ‘”It seems marvellous to me that I should have taken my degree in two faculties and you look upon that as a great achievement, that I have written a work which in three years will be thrown aside and forgotten. I am praised up to the skies for this, but because I cannot speak of this situation as unconcernedly as of these chairs, I am being examined by a doctor, I'm called mad. I am pitied!” Vassilyev felt unutterably sorry for himself, burst into tears and sank into a chair. The doctor, with the air of completely comprehending the tears and the despair, feeling himself a specialist in that line, went to the patient and without a word, gave some medicine to drink and then when he was calm, he undressed him and began to investigate the degree of sensibility of the skin, the reflex action of the knees and so on.’

Interestingly, our hero’s distress melted away and his heart grew lighter. He began to feel ashamed and he forced himself to continue his life. The problem was resolved for now, but the patient was not understood nor heard, and seeing the doctor was not a healing process.

As you can probably tell, this story written in Russia by a doctor a hundred years ago, made a great impression on me and it remains for me one of the most emotional descriptions of empathy I have read. It says a lot about understanding vulnerability and understanding darkness, man's position in the cause of this and his reaction to it.

There is a song I know which describes a healing relationship as “deep cries out to deep” and it is this level of spiritual intelligence that I hope one day to reach. I pray I never lose my empathy and compassion for people, but that I may be given strength to cope with the heaviness of it and that those I contact in my life as a healthcare practitioner may experience this compassion and empathy.

So when I go into work today, I will be smiling on both sides of my face.

27/03/12

DOENÇA DE ALZHEIMER: SINAIS DE ALERTA

1. Perda de memória
É normal esquecer ocasionalmente reuniões, nomes de colegas de trabalho, números de telefone de amigos, e lembrar-se deles mais tarde. Uma pessoa com a doença de Alzheimer esquece-se das coisas com mais frequência, mas não se lembra delas mais tarde, em especial dos acontecimentos mais recentes.
2. Dificuldade em executar as tarefas domésticas
As pessoas muito ocupadas podem temporariamente ficar tão distraídas que chegam a deixar as batatas no forno e só se lembram de as servir no final da refeição. O doente de Alzheimer pode ser incapaz de preparar qualquer parte de uma refeição ou esquecer-se de que já comeu.
3. Problemas de linguagem
Toda a gente tem, por vezes, dificuldade em encontrar a palavra certa. Porém, um doente de Alzheimer pode esquecer mesmo as palavras mais simples ou substituí-las por palavras desajustadas, tornando as suas frases de difícil compreensão.
4. Perda da noção do tempo e desorientação
É normal perdermos – por um breve instante – a noção do dia da semana ou esquecermos o sítio para onde vamos. Porém, uma pessoa com a doença de Alzheimer pode perder-se na sua própria rua, ignorando como foi dar ali ou como voltar para casa.
5. Discernimento fraco ou diminuído
Muitas pessoas podem não ir logo ao médico quando têm uma infeção, embora acabem por procurar cuidados médicos mais tarde. Um doente de Alzheimer poderá não reconhecer uma infeção como algo problemático e não ir mesmo ao médico ou, então, vestir-se inadequadamente, usando roupa quente num dia de Verão.
6. Problemas relacionados com o pensamento abstrato
Por vezes, as pessoas podem achar que é difícil fazer as contas dos seus gastos. Mas, alguém com a doença de Alzheimer pode esquecer completamente o que são os números e o que fazer com eles. Festejar um aniversário é algo que muitas pessoas fazem, mas o doente de Alzheimer pode não compreender sequer o que é um aniversário.
7. Trocar o lugar das coisas
Qualquer pessoa pode não arrumar corretamente a carteira ou as chaves. Um doente de Alzheimer pode pôr as coisas num lugar desajustado: um ferro de engomar no frigorífico ou um relógio de pulso no açucareiro.
8. Alterações de humor ou comportamento
Toda a gente fica triste ou mal-humorada de vez em quando. Alguém com a doença de Alzheimer pode apresentar súbitas alterações de humor – da serenidade ao choro ou à angústia – sem que haja qualquer razão para tal facto.
9. Alterações na personalidade
A personalidade das pessoas pode variar um pouco com a idade. Porém, um doente com Alzheimer pode mudar totalmente, tornando-se extremamente confuso, desconfiado ou calado. As alterações podem incluir também apatia, medo ou um comportamento inadequado.
10. Perda de iniciativa
É normal ficar cansado com o trabalho doméstico, as atividades profissionais do dia-a-dia ou as obrigações sociais; porém, a maioria das pessoas recupera a capacidade de iniciativa. Um doente de Alzheimer pode tornar-se muito passivo e necessitar de estímulos e incitamento para participar.
Mais informações: Alzheimer Portugal

19/03/12

SER SEDENTÁRIO É MAU PARA A SAÚDE

Um dos primeiros posts que publiquei neste blogue, no início de 2010, referia-se à importância do exercício físico para a saúde. O vídeo seguinte, dobrado em espanhol, é uma das apresentações mais didáticas que vi até agora sobre os efeitos benéficos do exercício.


05/03/12

POSSO VIVER?

Passaram 5 anos desde a aprovação, pelo parlamento português, de uma lei iníqua que despenalizou o aborto até às dez semanas de gravidez, por opção da mãe. Foram abortadas, neste período, mais de 80 mil crianças, em mais de 95 % dos casos apenas por opção da mulher grávida.
  
Entretanto, as complicações orgânicas do aborto legal, para a mulher que a ele se submete têm vindo a aumentar todos os anos, registando-se mesmo uma morte em 2010. Além disso, segundo um relatório das Nações Unidas, divulgado em 2011, Portugal vai ter nos próximos quatro anos a segunda mais baixa taxa de fecundidade do mundo.

É tempo de dizer basta!


16/02/12

UM DIA BRANCO (POEMA DE SOPHIA)

Dai-me um dia branco, um mar de beladona
Um movimento
Inteiro, unido, adormecido
Como um só momento.

Eu quero caminhar como quem dorme
Entre países sem nome que flutuam.

Imagens tão mudas
Que ao olhá-las me pareça
Que fechei os olhos.

Um dia em que se possa não saber.

Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)

13/02/12

VARIZES: UMA DOENÇA CRÓNICA


É atualmente consensual que a presença de varizes dos membros inferiores e a insuficiência venosa em geral (quando existem alterações hemodinâmicas no sistema venoso ao exame doppler, mesmo quando não se identifiquem varizes na observação clínica) são uma doença crónica.
Por esse motivo, é necessário um acompanhamento e vigilância periódica nas consultas de Cirurgia Vascular (p. ex. uma vez por ano), mesmo após tratamentos cirúrgicos ou endovasculares bem sucedidos, tal como se recomenda uma visita periódica ao médico dentista para prevenir cáries e outros problemas dentários.

08/02/12

QUANTO MAIS DEPRESSA, MAIS DEVAGAR




Em 1988 o Henrique teve um acidente de mota causado por excesso de velocidade.

A próxima vez que conduzir depressa, lembre-se do Henrique!

02/02/12

CONSELHO DA EUROPA REJEITA A EUTANÁSIA

O Conselho da Europa aprovou, no passado dia 25, uma resolução sobre as declarações antecipadas de vontade (testamento vital), intitulada Protecting human rights and dignity by taking into account previously expressed wishes of patients, onde se afirma que “a eutanásia deve ser sempre proibida” (artigo 5).
Ainda que esta Declaração não seja juridicamente vinculativa para os governos europeus, é a primeira vez, nas últimas décadas, em que a prática da eutanásia é claramente rejeitada por uma instituição política europeia, tal como refere o European Centre for Law and Justice.

30/01/12

MORTALIDADE INFANTIL

Em Portugal a taxa de mortalidade infantil é reduzida (<2,5/1000 nados vivos), à semelhança de muitas nações dos continentes europeu e americano. No entanto, em imensos países de África e Ásia continua a ser muito alta (>70/1000), como revela o mapa seguinte. A redução da mortalidade infantil é um dos Objetivos do Desenvolvimento do Milénio.


11/01/12

CLAUDICAÇÃO INTERMITENTE

A claudicação intermitente de um ou dos dois membros inferiores é uma dor muito característica, que traduz habitualmente uma doença arterial obstrutiva. Surge geralmente na barriga da perna após o esforço, por exemplo depois de uma caminhada, e desaparece ao fim de 1-3 minutos quando o exercício é interrompido. 
  
Esta dor, quase sempre intensa, resulta da diminuição da irrigação dos músculos do membro devido à doença arterial. É uma dor reprodutível, ou seja, surge habitualmente após ser percorrida a mesma distância, embora se o esforço for mais intenso (subir escadas, correr), se manifeste mais cedo e possa ser mais forte.
  
Um dos principais factores responsáveis pela doença arterial oclusiva dos membros inferiores é o consumo de tabaco, sendo a claudicação intermitente uma das primeiras manifestações desta doença. Outros dos factores de risco da doença arterial periférica são a idade avançada, a existência de diabetes mellitus, hipertensão arterial ou níveis elevados de colesterol no sangue.
  
O tratamento da doença arterial periférica, numa fase inicial, inclui deixar de fumar, controlar a diabetes, a tensão arterial e os níveis de colesterol, mediante dieta,  medicação e instituição de um programa de exercício físico diário.
  
O tratamento mais eficaz e definitivo da claudicação intermitente é cirúrgico, mas devido aos riscos da intervenção deverá ser reservado para as situações em que a claudicação comprometa significativamente a realização do trabalho ou de outras actividades físicas importantes para o paciente.
  
A presença de dor mesmo em repouso, principalmente nos dedos dos pés, que aumenta de intensidade durante a noite ou quando se está deitado e melhora quando se está em pé, ulceração ou gangrena, são alguns dos sinais que traduzem maior gravidade e requerem observação médica urgente.


09/01/12

POEMA DE T. S. ELIOT

A Águia se ergue nos confins do Céu.
O Caçador com seus cães persegue-lhe o circuito.
Ó perpétua revolução de estrelas configuradas,
Ó perpétua recorrência de determinadas estações.
Ó mundo de outono e primavera, nascimento e morte!
O ciclo interminável da ideia e da ação,
Invenção perene, perpétua experiência,
Traz a noção do movimento, mas não a do repouso;
A ciência da fala, mas não a do silêncio;
A ciência das palavras, e a ignorância da Palavra.

Todo o nosso saber nos aproxima de nossa ignorância,
Toda a nossa ignorância nos acerca da morte,
Mais próximos da morte, e não mais perto de Deus.
Onde está a Vida que perdemos a viver?
Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento?
Onde está o conhecimento que perdemos na informação?
Os ciclos do Céu em vinte séculos
Nos afastam de Deus e nos acercam do Pó.

[ENGLISH]

The Eagle soars in the summit of Heaven.
The Hunter with his dogs pursues his circuit.
O perpetual revolution of configured stars,
O perpetual recurrence of determined seasons,
O world of spring and autumn, birth and dying!
The endless cycle of idea and action,
Endless invention, endless experiment,
Brings knowledge of motion, but not of stillness;
Knowledge of speech, but not of silence;
Knowledge of words, but not of the Word.

All our knowledge brings us nearer to our ignorance,
All our ignorance brings us nearer to death,
But nearness to death no nearer to God.
Where is the Life we have lost in living ?
Where is the wisdom we have lost in knowledge?
Where is the knowledge we have lost in information?
The cycles of Heaven in twenty centuries
Bring us farther from God and nearer to the Dust.

T. S. Eliot (1888-1965)

02/01/12

TELEMÓVEIS E RISCO DE CANCRO

Um dos maiores receios dos utilizadores de telemóvel é a radiação que emitem potenciar o desenvolvimento de tumores malignos, principalmente no cérebro. Num estudo dinamarquês publicado em Outubro passado no British Medical Journal, não foi encontrada nenhuma relação causal entre o uso de telemóveis e o cancro cerebral (pode ler o artigo aqui).

Apesar desta conclusão, parece-me prudente ter em conta as recomendações da Organização Mundial de Saúde, que considera que as radiações electromagnéticas produzidas pelos telemóveis são “potencialmente carcinogénicas para os seres humanos”, como refere também o vídeo seguinte.