24/04/13

JURAMENTO MÉDICO DE AMATO LUSITANO

 
O médico português João Rodrigues (1511-1568), natural de Castelo Branco e mais conhecido por Amato Lusitano, na sua obra Centúrias inclui um Juramento na linha do Juramento de Hipócrates do século IV a. C., que representa um manual de conduta que os médicos deveriam seguir:

Juro perante Deus imortal e pelos seus dez santíssimos mandamentos, dados no Monte Sinai ao povo hebreu, por intermédio de Moisés, após o cativeiro do Egito, que na minha clínica nada tive mais a peito do que promover que a fé intacta das coisas chegasse ao conhecimento dos vindouros. Nada fingi, acrescentei ou alterei em minha honra ou que não fosse em benefício dos mortais. Nunca lisonjeei, nem censurei ninguém ou fui indulgente com quem quer que fosse por motivo de amizades particulares; sempre em tudo exigi a verdade;
Se sou perjuro, caia sobre mim a ira do Senhor e de Rafael, seu ministro, e ninguém mais tenha confiança no exercício da minha arte;
Quanto a honorários, que se costumam dar aos médicos, também fui sempre parcimonioso no pedir, tendo tratado muita gente com mediana recompensa e muita outra gratuitamente; muitas vezes rejeitei, firmemente, grandes salários, tendo sempre mais em vista que os doentes por minha intervenção recuperassem a saúde, do que tornar-me mais rico pela sua liberalidade ou pelos seus dinheiros;
Para tratar os doentes, jamais curei de saber se eram hebreus, cristãos ou sequazes da lei maometana; não corri atrás das honras e das glórias e com igual cuidado tratei dos pobres e dos nascidos em nobreza;
Nunca provoquei a doença; nos prognósticos disse sempre o que sentia; não favoreci um farmacêutico mais do que outro, a não ser quando em algum reconhecia, porventura, mais perícia na arte e maior bondade de coração, porque então o preferia aos demais;
Ao receitar sempre atendi às possibilidades pecuniárias do doente, usando de relativa moderação nos medicamentos prescritos; nunca divulguei o segredo a mim confiado, nunca a ninguém propinei poção venenosa; com minha intervenção nunca foi provocado o aborto; nas minhas consultas e visitas médicas femininas nunca pratiquei a menor torpeza; em suma, jamais fiz coisa de que se envergonhasse um médico preclaro e egrégio.
Sempre tive diante dos olhos, para os imitar, os exemplos de Hipócrates e de Galeno, os pais da Medicina, não desprezando as obras monumentais de alguns outros excelentes mestres na Arte Médica; fui sempre diligente no estudo e por tal forma que nenhuma ocupação ou circunstância, por mais urgente que fosse, me desviou da leitura dos bons autores; nem o prejuízo dos interesses particulares, nem as viagens por mar, nem as minhas frequentes deambulações por terra, nem por fim o próprio exílio, me abalaram a alma, como convém ao homem sábio; os discípulos que até hoje tenho tido em grande número e em lugar dos filhos tenho educado, sempre os ensinei muito sinceramente a que se inspirassem no exemplo dos bons;
Os meus livros de Medicina nunca os publiquei com outra ambição que não fosse contribuir de qualquer modo para a saúde da humanidade. Se o consegui, deixo a resposta ao julgamento dos outros, na certeza de que tal foi sempre a minha intenção e o maior dos meus desejos.

(Redigido em Tessalonica em 1559)

22/04/13

CONSUMO DE PEIXE FAZ BEM À SAÚDE



Coma peixe rico em ómega 3 e viva mais anos.

Pessoas com mais de 65 anos que comem peixe podem viver, em média, dois anos a mais. O segredo está no consumo de ácidos gordos ricos em ómega 3, que se encontram, por exemplo, no salmão.

As pessoas com níveis mais altos de ácidos gordos ómega 3 têm um risco de morte 27 % inferior e desenvolvem um risco de ataque cardíaco 35 % mais baixo do que os indivíduos com as mesmas características mas com níveis da substância inferiores no sangue, revela um estudo da Escola de Saúde Pública de Harvard (EUA).

Os cientistas aconselham o consumo de cerca de 2 porções de peixes, ricos em ómega 3, por semana.

O ómega 3 não é produzido pelo organismo, daí a necessidade da ingestão de alimentos ricos nesta substância. No caso do peixe pode consumir atum, salmão, sardinha, carapau, arenque, truta, cavala, solha, tamboril, entre outros.

Fonte: Fundação Portuguesa de Cardiologia

17/04/13

A SAÚDE DOS PORTUGUESES EM 1910



Em 1910, data da implantação da República em Portugal, após mais de 700 anos de monarquia, a saúde dos portugueses era precária, como se constata no vídeo seguinte, produzido pela Direção-Geral da Saúde.

15/04/13

PERIGOS DOS MEDICAMENTOS


O desenvolvimento da farmacologia moderna, sobretudo no século XX, foi uma das mais extraordinárias conquistas da medicina. Permitiu a cura de doenças como a tuberculose e muitas outras infeções, que dizimaram milhares de pessoas ao longo da história da humanidade, e possibilitou o controlo da hipertensão arterial, da diabetes, da Sida e de muitas outras doenças, muitas delas fatais.  Como não há bela sem senão, praticamente todos os medicamentos apresentam efeitos secundários indesejáveis, potencialmente graves.
 
Deste modo, o arsenal terapêutico à disposição dos profissionais de saúde, apesar do seu potencial extraordinário em promover a cura e restabelecimento da saúde de inúmeras doenças, não deverá ser utilizado com ligeireza mas com rigor científico e moderação, o que se verifica na maioria das vezes. Contudo, estima-se que 20 a 30 por cento dos eventos adversos ocorridos no exercício da medicina estão relacionados com a prescrição ou administração de medicamentos (Leape et al., 1991; Fragata & Martins, 2006). Com o envelhecimento da população, a dificuldade de acesso aos serviços de saúde ou a limitação do tempo das consultas médicas, é possível que as reações adversas medicamentosas aumentem, embora existam  na maioria dos países sistemas de farmacovigilância que procuram detetar, avaliar e prevenir estas ocorrências.
 
Os medicamentos de venda livre, para cuja aquisição não é necessária receita médica, não são menos inócuos que os que são vendidos nas farmácias, e o mesmo se poderá dizer de muitos produtos ditos naturais.
 
Para muitas doenças, o recurso aos medicamentos não deverá ser a primeira linha de tratamento nem o seu uso poderá colmatar outras medidas, por vezes requerendo maior esforço e empenho da parte do paciente mas certamente mais seguras, como modificações do estilo de vida, que incluem uma alimentação saudável, atividade física, abstinência tabágica e alcoólica.

10/04/13

O QUE SIGNIFICA ESTAR DOENTE?


Na língua inglesa, estabelece-se a distinção entre doença como entidade fisiopatológica (disease), com o seu quadro clínico constituído por um conjunto de sinais e sintomas, e doença como a vivência da enfermidade pelo paciente individual (illness), o que inclui a sua interpretação cognitiva da experiência de estar doente. Cada pessoa perceciona a doença à sua maneira. Segundo o bioeticista Edmund Pellegrino, «essa perceção é pessoal e única, uma vez que cada pessoa interpreta de modo diferente o facto de estar doente ou com saúde». Sendo assim, a preocupação dos médicos não deveria ser apenas identificar e tratar a doença como entidade clínica, mas terem em conta esta dimensão antropológica ou biopsicossocial, que influencia significativamente o processo terapêutico e é indispensável para que uma decisão médica, correta do ponto de vista biomédico, possa também ser considerada uma decisão ética.

Pellegrino rejeita o dualismo platónico e cartesiano. Considera o ser humano como uma unidade e a doença como um fator perturbador e desintegrador, nas suas vertentes biológica, psíquica, social e espiritual. Por outro lado, na sua opinião, distinta da célebre definição de saúde da Organização Mundial de Saúde, uma pessoa pode considerar-se saudável apesar de alguns condicionalismos de natureza física ou mental, desde que não a impeçam de realizar os seus projetos de vida.

No encontro clínico o paciente encontra-se num estado de vulnerabilidade devido à doença, numa relação desigual com o médico em conhecimento, experiência e poder acerca da sua condição. Nesta relação assistencial, tão assimétrica e desproporcionada, o ónus da responsabilidade recai sobre os ombros do elemento mais forte do binómio, ou seja, do médico. Os pacientes, dada a sua situação de vulnerabilidade, dependência, ansiedade e limitação da liberdade, causados pela doença, são “obrigados” a confiar nos médicos que, por sua vez, assumiram o compromisso solene, expresso no Juramento Hipocrático, de usarem os seus conhecimentos e competências em benefício do doente.

A doença ocasiona alterações não apenas orgânicas, que são as mais comuns, mas também psíquicas, sociais e espirituais. Edmund Pellegrino alude ainda ao facto de a enfermidade, sobretudo nos casos mais graves, suscitar um receio existencial, nem sempre verbalizado: «será este o princípio do fim da minha existência?». Aponta também a presença, muitas vezes, de um sentimento de culpa por parte do paciente por se encontrar nessa condição, ainda mais exacerbado quando a causa da sua doença poderia ter sido prevenida com a adoção de um estilo de vida mais saudável. Pode também sentir vergonha ou humilhação pela perda de privacidade resultante do seu estado clínico, principalmente em caso de internamento em unidades hospitalares sobrelotadas e com condições precárias para os cuidados de higiene e alimentação. Ainda que, na maioria das vezes, os doentes ultrapassem estas dificuldades sem sequelas, há situações em que o risco de desenvolverem perturbações mentais é mais notório, nomeadamente nas doenças crónicas, degenerativas, terminais ou que alterem significativamente a sua imagem corporal. Deste modo, é fundamental que os médicos e outros profissionais de saúde procurem minimizar este estado de vulnerabilidade que os pacientes apresentam, em maior ou menor grau, através de uma conduta exemplar, ao serviço da pessoa doente.

04/04/13

NELSON MANDELA: O PRISIONEIRO 46664


Quando, no dia 11 de Fevereiro de 1990, assisti à libertação de Nelson Mandela em direto pela televisão, não me apercebi da verdadeira dimensão deste homem. Só nos anos seguintes comecei a apreciar profundamente o exemplo de coragem, perseverança, integridade, perdão e reconciliação deste grande estadista sul-africano, que muito contribuiu para a transição pacífica do abominável regime do apartheid para um sistema político mais justo e democrático.
 
Concordo totalmente com as palavras de Richard Stenzel, autor de uma das biografias de Mandela: «Ansiamos por heróis, mas os heróis são poucos. Nelson Mandela talvez seja o último dos heróis puros do nosso planeta».
O legado de Mandela. Quinze lições de vida, amor e coragem. Planeta Manuscrito, Lisboa, 2009, p. 17.

01/04/13

O PROBLEMA DO SOFRIMENTO

John Lennox, distinto professor de Matemática na Universidade de Oxford, é um cristão convicto que tem participado em vários debates públicos defendendo a fé cristã, alguns deles com o cientista ateu Richard Dawkins. Na apresentação seguinte, que decorreu na Universidade de Columbia, nos EUA, o Prof. Lennox aborda, com humildade e eloquência, o difícil problema do mal e do sofrimento e a existência de Deus.