19/03/14

ENVELHECER COM SENTIDO

Há que descobrir o sentido do envelhecimento. Muitos pretendem a todo o custo minimizar as marcas do envelhecimento, sobretudo da senescência corporal, às vezes à custa de procedimentos que carecem de prova científica e que até podem ser prejudiciais. São de louvar os estilos e práticas de vida que, sendo saudáveis, podem reduzir a marcha do processo de senescência, mas a procura de uma juventude permanente, além de irracional, faz do envelhecimento um tabu, quando afinal devemos acolher a velhice enquanto processo que leva a uma realização mais plena da pessoa. Como bem refere Andrew Weil, o envelhecimento e, com ele, a perspetiva mais aguda da própria mortalidade podem e devem suscitar um importante aprofundamento espiritual.
 
O envelhecimento será então sentido não como um fardo, mas como uma oportunidade. Será tempo de olhar para diante com confiança e, na minha mundividência, com esperança, aquela que levou Michel Renaud a dizer: “até ao seu último momento, a vida humana está aberta ao seu futuro”. Mas para todos, com ou sem esta mundividência cristã, a velhice é tempo de viver com atitude positiva, colhendo na anciania o que ela nos dá de muito bom e que levou o poeta Robert Frost a afirmar: “A tarde conhece aquilo que a manhã nunca suspeitou”. O segredo desvelou-o Albert Schweitzer quando disse: "Os anos enrugam a pele, mas renunciar ao entusiasmo enruga a alma."
 
Prof. Doutor Henrique Vilaça Ramos

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