Os próximos posts
serão dedicados à temática do envelhecimento. Solicitamos ao Prof. Doutor
Henrique Vilaça Ramos autorização para reproduzir neste espaço o texto luminoso
que escreveu sobre o assunto, que foi amavelmente concedida. O
texto integral com as respetivas referências bibliográficas, baseado na sua comunicação à Academia Nacional de Medicina de Portugal (Coimbra, 13.04.2013), foi publicado na
Revista Brotéria 176 (5/6) Maio/Junho 2013.
«O envelhecimento, que marca o
outono da vida e a leva até ao seu fim último, é o destino inexorável de todo o
ser humano que não foi ceifado antecipadamente pela gadanha impiedosa de uma
morte prematura. Visitar o outono da vida é de inegável atualidade, não só por
serem os velhos uma população cada vez mais numerosa em Portugal, mas também
porque, sendo o envelhecimento uma questão velha, a velhice atual
coloca problemas novos.
Temos cada vez mais pessoas
idosas e idosos mais longevos, graças ao aumento da esperança média de vida que
se deve à melhoria de condições como o saneamento básico, alimentação e abrigo,
mas também, ainda que em menor grau, aos progressos nos cuidados médicos:
prevenção, diagnósticos mais precoces, tratamentos e reabilitações mais
eficazes.
No império romano, a esperança de vida era
baixa, rondava os trinta anos, e no dealbar do século XX tinha subido para 45
anos. Em Portugal, a esperança de vida ao nascer
é de 79,6 anos (homens, 76,5 e mulheres, 82,4). Isto
é: em pouco mais de um século, ganharam-se cerca de 35 anos, quase dobrou a
esperança de vida! Esta
evolução levou alguém a dizer, com um humor desconsolado: “é verdade que
acrescentámos mais anos à vida, mas o mal é que são os últimos”. Todavia, esta boutade não corresponde inteiramente ao
que se passa, pois que, apesar de na fase última do processo de envelhecimento
ser cada vez maior a incidência das doenças geriátricas, mercê desse importante
aumento da longevidade, também é certo que o tempo de vida com boa saúde ou,
pelo menos, com saúde regular é cada vez mais longo».
Prof. Doutor Henrique Vilaça Ramos
Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Medicina da
Universidade de Coimbra, Portugal
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