20/02/14

AS EXPERIÊNCIAS NAZIS EM SERES HUMANOS

 
A história da experimentação humana é prova dos êxitos extraordinários da ciência médica em benefício da humanidade. Contudo, é também testemunha do abuso de seres humanos pelo seu próximo, na procura do conhecimento.
 
Sabe-se atualmente que foram realizadas pelo menos 26 tipos de experiências em seres humanos, nos campos de concentração nazis. Muitas delas pretendiam justificar as teorias eugénicas e promover o apuramento e supremacia raciais. Outras destinavam-se a desenvolver mecanismos de defesa corporal do exército, aviação e marinha alemães em circunstâncias desfavoráveis como naufrágios ou queda de aeronaves. Algumas, numa clara e perversa inversão de valores, destinavam-se à descoberta do método mais rápido e eficaz de aniquilar a vida humana, não se distinguindo de outras formas de tortura cruel.
 
As experiências realizadas por Josef Mengele, médico-chefe do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, entre 1943 e 1945, em gémeos, anões e indivíduos com diversas anomalias genéticas, representam um exemplo extremo da utilização abusiva e prepotente de cobaias humanas com fins pseudocientíficos. Mengele dedicava-se ao estudo das características genéticas das raças, tendo em vista o aperfeiçoamento da “raça” ariana. Com essa finalidade, escolheu entre os prisioneiros de guerra cerca de 1500 irmãos gémeos, que usava como cobaias. Muitas vezes mandava matá-los, após certas experiências, para estudar os cadáveres na autópsia. Os deficientes eram outro dos seus interesses, de modo a provar que os judeus eram uma “raça” inferior. Mengele foi também responsável por selcionar para a morte centenas de milhar de homens, mulheres e crianças, junto aos portões de Auschwitz.
 
É hoje um dado adquirido que a maior parte destas experiências perversas e cruéis, utilizando como cobaias homens, mulheres e crianças, não produziram qualquer progresso científico válido. Mas ainda que tivessem interesse científico, coloca-se a questão da licitude da utilização dos resultados dessas experiências. Eva Mozes Kor, uma sobrevivente das experiências de Auschwitz, apresenta uma ideia original: “Os dados das vítimas deveriam ser rasgados em tiras e colocados num monumento transparente, como evidência de que existem, mas não podendo ser utilizados. Deveriam servir como uma lição ao mundo de que a dignidade e a vida humanas são mais importantes do que qualquer avanço na ciência ou na medicina”. 

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