Em algumas culturas, havia o
costume pagão de acelerar a morte de pessoas com doenças graves supostamente
incuráveis, por meio do estrangulamento ou da sufocação. Miguel Torga, no seu
livro Novos Contos da Montanha, apresenta a personagem Alma Grande, também chamado
de pai da morte ou abafador, que existia em algumas aldeias rurais de Portugal.
“Entrava, atravessava impávido e
silencioso a multidão que há três dias, na sala, esperava impaciente o último
alento do agonizante, metia-se pelo quarto dentro, fechava a porta, e pouco
depois saía com uma paz no rosto pelo menos igual à que tinha deixado ao
morto.” (M. Torga, «O Alma Grande», Contos. Lisboa: Dom Quixote, 2001)
Contudo, como este conto retrata
de forma magistral, nem sempre as doenças eram fatais. Lemos mais à frente
nesta narrativa: “o Alma Grande olhara pela primeira vez a escuridão do seu
poço”.
Matar, mesmo por motivos
altruístas, não dignifica ninguém.
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