O texto de hoje foi escrito pelo Prof. Richard Vincent, Professor Emérito da Faculdade de Medicina da Universidade de Brighton, no Reino Unido, e um dos patronos da PRIME.
«O que é que os pacientes mais valorizam quando procuram cuidados médicos? Certamente competência no diagnóstico clínico e na prestação eficiente de tratamento adequado. Contudo, estes aspectos são ultrapassados por uma dimensão que consideram ainda mais importante – o modo como são tratados e como são cuidados.
Esta dimensão dos cuidados de saúde são o tema de um Relatório do King’s Fund, uma instituição muito respeitada que procura melhorar o sistema de saúde no Reino Unido, com base em investigação devidamente fundamentada.
Tendo em conta as vivências dos pacientes, familiares e profissionais de saúde no que respeita ao modo como os cuidados são prestados, o relatório salienta a necessidade urgente de profissionais e instituições de saúde se concentrarem em cuidar da "pessoa no paciente”, ou seja, da sua dimensão humana, para além da utilização dos modernos equipamentos de saúde e tecnologias de ponta. Estas conclusões confirmam o resultado de um grupo de trabalho criado em 1978 por uma paciente que ficou desiludida com a sua experiência pessoal de cuidados de saúde recebidos durante uma enfermidade. Este grupo enfatiza que cada paciente é uma pessoa única, com necessidades diversas, um indivíduo que precisa de ser cuidado e não uma doença ou patologia que precisa de tratamento, e propõe um modelo de cuidados de saúde holístico e integrado, que promova a recuperação da saúde a nível mental, emocional, espiritual, social e físico (http://www.planetree.org/).
Mas como perdemos esta ênfase? O cuidado compassivo de pessoas vulneráveis tem sido um tema central da prática médica desde os tempos da Grécia antiga, mas esta abordagem tem sido posta em causa desde há algum tempo. Um dos factores responsáveis é a nossa maior preocupação com os avanços extraordinários da ciência médica e da tecnologia. É inquestionável que estes progressos têm trazido inúmeros benefícios, mas são apenas dirigidos aos aspectos físicos da doença. Outros factores adicionais envolvidos incluem fortes limitações no tempo disponível para cada paciente, a exigência de maior produtividade face aos recursos financeiros limitados, e o aumento das solicitações a nível de gestão para todos os profissionais envolvidos nos cuidados de saúde. Mas acima de tudo, a nossa própria visão do mundo, moldada pela cultura, história e experiência, irá certamente determinar a nossa atitude para com as pessoas e o modo como nos relacionamos com elas, sejam doentes, colegas, alunos ou familiares.
O trabalho da PRIME tem sempre procurado enfatizar a importância da humanização nos cuidados de saúde, que agora se está a tornar uma área de debate a nível internacional. Baseia-se numa cosmovisão fundamentada na fé cristã, em que o amor e respeito pelas pessoas foi não só ensinado como também demonstrado de forma prática pelo próprio Jesus.
O interesse da PRIME pelas pessoas reflecte-se também nas parcerias que estabelece e no ensino que ministra em dezenas de países. O objectivo desta abordagem consiste em aprender, ensinar e trabalhar em conjunto tendo em vista a restauração integral da pessoa como um todo - físico, emocional, social e espiritual. Muitos dos participantes em cursos, seminários e acções de formação da PRIME têm recebido e adoptado com estusiasmo este modelo bio-psico-social de prestação dos cuidados de saúde. Não deixe de participar na próxima oportunidade».
Este e outros temas relacionados com os cuidados de saúde serão abordados na acção de formação “Changing Values in a Changing World” (Valores em Mudança num Mundo em Mudança), que terá lugar no Hospital CUF Descobertas, em Lisboa, nos dias 21 e 22 de Maio próximo. O Prof. Richard Vincent será um dos principais formadores. Para mais informações sobre este evento é favor contactar: prime.iberia@gmail.com
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