Tenho no meu escritório umas
estatuetas semelhantes a estas, que tipificam os três problemas principais de uma
má relação médico-paciente, por responsabilidade do médico: não querer falar,
não querer ver e não querer ouvir!
Um dos elementos mais importantes
para o estabelecimento de uma relação de confiança entre o médico e o doente é
uma comunicação eficaz, que inclui ouvir com atenção a sua história, deixá-lo
expressar as suas preocupações e, sempre que possível, transmitir-lhe com
palavras que ele possa entender o diagnóstico e eventual tratamento (se
existir) da sua condição.
Há algum tempo atrás fui
consultado por uma senhora que se queixava de dores numa perna. Depois de a
observar e de excluir a presença de uma doença vascular, e de achar que as queixas
que apresentava eram muito sugestivas de um problema ortopédico, verifiquei que
tinha ido uns dias antes a uma consulta de ortopedia. Tive naturalmente
curiosidade em saber o que lhe tinha dito o ortopedista acerca desse problema.
Fiquei admirado com a resposta da doente: “ele não me deixou falar!”. Pelos
vistos tinha-se limitado a ver uns exames que a paciente tinha feito, sem
procurar saber quais eram realmente os sintomas que apresentava.
Já dizia Kafka, o conhecido
escritor checo, que “receitar é mais simples do que conversar com o doente”. No
entanto, é obrigação dos médicos ouvirem os pacientes e procurarem ser
compreendidos.
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