A bem conhecida definição de
saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 1948 como sendo o “estado de
completo bem-estar físico, psíquico e social, e não só a ausência de doença ou
enfermidade” é, na minha opinião, irrealista e mesmo ingénua, pois não é de
esperar que cada pessoa esteja a maior parte do tempo neste estado. Um antigo
professor da Faculdade de Medicina de Lisboa costumava dizer que esta situação
era apenas atingível em estado de coma. Georges Canguilhem, no seu livro O normal e o patológico, considera que
“a saúde perfeita não existe, a não ser como um conceito normativo de um tipo
ideal”. Esta definição da OMS tem no entanto a virtude de reconhecer as várias
dimensões do ser humano, que é uma entidade biopsicossocial e não apenas um
corpo físico.
Há várias outras definições de
saúde, mas pessoalmente aprecio a definição de saúde de Galeno, famoso médico
grego do séc. II da era cristã, que considera a saúde como uma espécie de meio
termo entre a doença incapacitante e uma saúde perfeita de difícil alcance. É o
“estado em que nos sentimos capazes de fazer as coisas que desejamos fazer com
o mínimo de dor e desconforto”. Nesse sentido, uma pessoa pode considerar-se
saudável apesar de alguns condicionalismos de natureza física ou mental, desde
que não a impeçam de realizar os seus projetos de vida.
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