O desenvolvimento da farmacologia moderna, sobretudo no
século XX, foi uma das mais extraordinárias conquistas da medicina. Permitiu a
cura de doenças como a tuberculose e muitas outras infeções, que dizimaram
milhares de pessoas ao longo da história da humanidade, e possibilitou o
controlo da hipertensão arterial, da diabetes, da Sida e de muitas outras
doenças, muitas delas fatais. Como não
há bela sem senão, praticamente todos os medicamentos apresentam efeitos
secundários indesejáveis, potencialmente graves.
Deste modo, o arsenal terapêutico à disposição dos
profissionais de saúde, apesar do seu potencial extraordinário em promover a
cura e restabelecimento da saúde de inúmeras doenças, não deverá ser utilizado
com ligeireza mas com rigor científico e moderação, o que se verifica na
maioria das vezes. Contudo, estima-se que 20 a 30 por cento dos eventos
adversos ocorridos no exercício da medicina estão relacionados com a prescrição
ou administração de medicamentos (Leape et
al., 1991; Fragata & Martins, 2006). Com o envelhecimento da população,
a dificuldade de acesso aos serviços de saúde ou a limitação do tempo das
consultas médicas, é possível que as reações adversas medicamentosas aumentem,
embora existam na maioria dos países
sistemas de farmacovigilância que procuram detetar, avaliar e prevenir estas
ocorrências.
Os medicamentos de venda livre, para cuja aquisição não é
necessária receita médica, não são menos inócuos que os que são vendidos nas
farmácias, e o mesmo se poderá dizer de muitos produtos ditos naturais.
Para muitas doenças, o recurso
aos medicamentos não deverá ser a primeira linha de tratamento nem o seu uso
poderá colmatar outras medidas, por vezes requerendo maior esforço e empenho da
parte do paciente mas certamente mais seguras, como modificações do estilo de
vida, que incluem uma alimentação saudável, atividade física, abstinência
tabágica e alcoólica.
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