Um artigo publicado na revista Applied Cardiopulmonary Pathophysiology apresenta despudoradamente os
primeiros casos conhecidos de colheita de órgãos de doentes mortos por eutanásia,
para serem transplantados em doentes que deles necessitam. Esta situação não
ocorreu na China, que desde há vários anos utiliza órgãos para transplante
provenientes de prisioneiros condenados à morte, mas sim num hospital em
Lovaina, na Bélgica, em 2011, nove anos após a legalização da prática da eutanásia
neste país.
Trata-se de um exemplo extremo e
inaceitável de instrumentalização da pessoa humana, que de certa forma se
assemelha a algumas práticas criminosas executadas por muitos médicos nazis. Apesar
do artigo referir ter sido obtido o consentimento de todos os dadores, antes de
serem eutanasiados, não demorará muito tempo até se efetuarem colheitas de
órgãos de pessoas submetidas a eutanásia não voluntária (sem o consentimento
livre e esclarecido do doente), que se tem verificado nos países onde a eutanásia
e/ou o suicídio assistido são legais. O artigo Legalizing euthanasia or assisted suicide: the illusion of safeguardsand controls chama precisamente a atenção para a dificuldade de se regular
a prática da eutanásia e/ou o suicídio assistido de acordo com os requisitos
definidos por lei.