O estado vegetativo persistente (EVP) é diagnosticado com base em critérios clínicos, ou seja, não é necessário recorrer a nenhum exame imagiológico ou de outra natureza. De acordo com a “Multi-Society Task Force on Persistent Vegetative State” (1994), os critérios para o diagnóstico do EVP incluem os seguintes:
a) Ausência da capacidade de reconhecimento de si próprio e do ambiente, e incapacidade de interação com os outros;
b) Inexistência de respostas comportamentais voluntárias, sustentadas e reprodutíveis, a estímulos visuais, auditivos, tácteis ou dolorosos;
c) Ausência de compreensão da linguagem verbal ou corporal;
d) Estados de vigília intermitentes, manifestados pela presença de ciclos de vigília-sono;
e) Preservação das funções hipotalâmica e do sistema nervoso autónomo;
f) Incontinência dos esfíncteres;
g) Preservação variável dos reflexos dependentes do tronco cerebral e espinais.
Como refere o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, de Portugal (CNECV 10/95), «O estado vegetativo persistente é caracterizado por um doente ter algum grau de consciência, ter autonomia respiratória, mas não exibir as características da personalidade (vontade, linguagem, decisão, etc.), isto é, está ‘awake but not aware’.» Na opinião do Prof. John Wyatt (1998), «there is something going on in there, but there seems to be no way to communicate, to access the experience of the individual.»
Os doentes em EVP têm padrões relativamente normais de vigília e de sono, podem abrir os olhos, respirar e deglutir espontaneamente e inclusive ter reações de sobressalto perante ruídos fortes, mas perderam de forma temporária ou permanente a capacidade de pensarem e de agirem conscientemente. A maioria têm reflexos anormalmente exagerados, bem como rigidez e movimentos espásticos dos membros. Pode também ser registada atividade eléctrica no eletroencefalograma.
Apesar da gravidade dos casos de EVP, muitos doentes podem efetuar movimentos descoordenados dos membros e ocasionalmente podem sorrir, chorar ou mesmo gritar. Contudo, não existe qualquer reconhecimento psicológico por detrás destas atividades motoras.
Um dos aspetos mais notórios do EVP é a incapacidade destes doentes se alimentarem por si próprios. Embora alguns apresentem o reflexo de deglutição, se lhes forem colocadas substâncias sólidas ou líquidas na boca, a tentativa de alimentá-los deste modo seria extremamente morosa e arriscada, pelo perigo de poder ocasionar pneumonia de aspiração. Por esta razão, os doentes em EVP são habitualmente alimentados através de sondas nasogástricas ou de gastrostomia, estas últimas inseridas através da parede abdominal.
Infelizmente, o EVP é uma entidade clínica de mau prognóstico, principalmente quando existe uma doença grave associada, como é o caso das doenças oncológicas.