24/09/12

EUTANÁSIA: UMA FONTE DE ÓRGÃOS PARA TRANSPLANTAÇÃO?

Um artigo publicado na revista Applied Cardiopulmonary Pathophysiology   apresenta despudoradamente os primeiros casos conhecidos de colheita de órgãos de doentes mortos por eutanásia, para serem transplantados em doentes que deles necessitam. Esta situação não ocorreu na China, que desde há vários anos utiliza órgãos para transplante provenientes de prisioneiros condenados à morte, mas sim num hospital em Lovaina, na Bélgica, em 2011, nove anos após a legalização da prática da eutanásia neste país.
 
Trata-se de um exemplo extremo e inaceitável de instrumentalização da pessoa humana, que de certa forma se assemelha a algumas práticas criminosas executadas por muitos médicos nazis. Apesar do artigo referir ter sido obtido o consentimento de todos os dadores, antes de serem eutanasiados, não demorará muito tempo até se efetuarem colheitas de órgãos de pessoas submetidas a eutanásia não voluntária (sem o consentimento livre e esclarecido do doente), que se tem verificado nos países onde a eutanásia e/ou o suicídio assistido são legais. O artigo Legalizing euthanasia or assisted suicide: the illusion of safeguardsand controls chama precisamente a atenção para a dificuldade de se regular a prática da eutanásia e/ou o suicídio assistido de acordo com os requisitos definidos por lei.

17/09/12

DIETRICH BONHÖEFFER

No meu último livro (Que Médicos Queremos?) incluo duas citações do teólogo alemão Dietrich  Bonhoeffer (1906-1945), um dos meus autores preferidos. Era um homem de fé e de caráter, que os algozes nazis condenaram à morte. Escrevendo em 1940, resume com extraordinária lucidez e premonição os perigos de uma ética deontológica separada do caráter do agente moral, conforme se verificou na Alemanha do III Reich:
 
O caminho do dever parece ser o mais seguro para se eximir à mole desorientadora das decisões possíveis. Aqui, o que foi ordenado apreende-se como o mais certo; a responsabilidade pela ordem recai sobre aquele que a profere, não sobre aquele que a executa. Mas quem se restringe à medida do dever nunca chega à ousadia da ação livre, que acontece por responsabilidade própria, a única ação que consegue atingir o mal no centro e vencê-lo. O homem do dever acabará por cumprir ainda o seu dever, mesmo diante do diabo. In BONHOEFFER, D. (2007).  Ética. Lisboa: Assírio e Alvim, p. 49.

06/09/12

SOBRE A MENTIRA

Uma afirmação verdadeira vale para sempre; as mentiras só duram um instante.
  
Provérbios 12:19
 
A lie has a short life, but truth lives on for ever.